Todos os artigos técnicos publicados no site do SINDRATAR podem ser encontrados em um só lugar. ARTIGO TECNICO DO ASSOCIADO – A.SALLES ENGENHARIA31 de março de 2022Ar condicionado como agente de competitividade – Retrocomissionamento As mudanças no mundo do trabalho provocadas pela pandemia, com destaque para a ampla utilização do Home Office, vêm trazendo grandes desafios para o seguimento dos edifícios comerciais. Nesse período é necessário que, os empresários e gestores do setor encontrem soluções para elevar a atratividade e a competitividade de seus empreendimentos. Nesse artigo apresentaremos algumas ações de baixo custo relacionadas aos sistemas de ar condicionado e ventilação que serão importantes aliados nessa jornada, entregando resultados relacionados a segurança, conforto e custo operacional. O primeiro desafio enfrentado pelo setor foi garantir a segurança dos usuários, frente ao contágio da Covid-19. A principal contribuição dos sistemas de ar condicionado nesse sentido é garantir a circulação e a renovação do ar. Muitos edifícios contam com sistemas de renovação e tratamento de ar ineficientes que precisam ser adaptados para atender às novas normas. Com os anos de utilização de um sistema, é possível que as variáveis de conforto térmico projetadas não estejam mais sendo entregues aos usuários, devido a mudanças no padrão de carga térmica do edifício. Outro ponto muito relevante é o custo de operação do sistema de HVAC. Os sistemas de HVAC são uns dos principais consumidores de energia elétrica em edifícios comerciais, e por serem indispensáveis, os níveis de eficiência energética desses sistemas podem se apresentar como vantagem competitiva ou como uma âncora de custos. Partindo dessas premissas, é necessário relembrar que o ponto inicial para garantir o correto funcionamento dos sistemas, integrando qualidade do ar, conforto térmico e eficiência energética, é a execução de um processo de manutenção preventiva e preditiva eficiente, com o cumprimento integral do PMOC. Problemas simples, como por exemplo, a falta de limpeza dos filtros de ar e serpentinas, podem prejudicar a qualidade do sistema nos três pontos abordados. (1) Filtros sujos são menos eficazes em prevenir a propagação de doenças. (2) Filtros sujos aumentam a perda de carga na condução do ar, podendo dificultar a chegada do ar condicionado a pontos mais distantes, prejudicando o conforto térmico dessas áreas. (3) A sujeira nas serpentinas de condensadores e evaporadores atrapalham a troca de calor, comprometendo o funcionamento básico do sistema e elevando o consumo energético. Assim sendo, a manutenção é fundamental e insuperável. Entretanto, em muitos casos ela não é suficiente. Na manutenção não dá conta de corrigir mudanças no padrão de operação e na carga térmica do edifício, podendo assim, prejudicar a eficiência energética do sistema. A proposta para elevar a qualidade e a eficiência energética do sistema deve ser iniciada com uma análise detalhada do projeto e do sistema atual, podendo essa análise gerar propostas de projetos de retrofit ou de retrocomissionamento do sistema. O Retrofit é um tipo de projeto que tem como característica a substituição total ou parcial de equipamentos e sistema. Como exemplos rápidos de retrofit podemos citar: 1 – Retrofit com mudança de sistema: Substituição de sistemas de condicionamento com Selfs a água (muito utilizados entre as décadas e 80 e 90), por modernos sistemas de VRF de condensação a água. 2 – Retrofit com mudança de equipamentos: Modernização de Centrais de Água Gelada, substituindo chillers, bombas e outros componentes antigos, por modelos mais novos e eficientes. Essa prática é altamente recomendada em várias situações e seus resultados vêm sendo publicados há décadas por órgãos competentes. Entretanto, por ser calcada na substituição de equipamento e sistemas, essa solução não pode ser considerada como uma resposta de baixo custo. O investidor deve ter em mente aporte financeiro necessário, considerando o Payback que esse projeto irá proporcionar devido à economia de energia. Um outro tipo de projeto, menos conhecido e de mais baixo custo, mas com grande potencial para elevar a competitividade de edifícios comerciais é o retrocomissionamento. Segundo o Guia prático sobre sistemas de água gelada – 2017 do Ministério do Meio Ambiente “O retrocomissionamento é o processo de comissionamento a ser realizado em edifícios existentes, que consiste em uma investigação detalhada do sistema, incluindo projeto executivo, instalação e condições de operação e desempenho atuais, a fim de identificar problemas e otimizar o sistema de ar condicionado do edifício.” Esse processo se diferencia do retrofit por evitar soluções baseadas nas substituições de equipamentos, apresentando resultados significativos com ações de investimento menor. Conforme indica o Guia, o processo de retrocomissionamento inicia-se com uma análise, que deve resultar em um relatório de desempenho e sustentar propostas de melhoria para o sistema. No que tange ao projeto, o primeiro ponto é verificar se a versão mais atual do projeto executivo está compatível com as instalações existentes e com as demandas atuais do edifício. Essa avaliação passa por uma análise da carga térmica atual do edifico, do dimensionamento da renovação de ar, das características de sistemas como distribuição de ar e circuitos hidrônicos, do tipo e do tempo de operação, da idade e conservação das máquinas, das funcionalidades do sistema de controle e automação, dentre outros. A proposta de projeto deve então ser concebida a partir da análise desse conjunto de fatores, envolvendo substituições pontuais de equipamentos, adequações nos sistemas de controle e automação, ajustes e balanceamentos, novas rotinas de manutenção e de operação. Após as propostas do projeto serem analisadas e aprovadas pelo investidor, inicia-se a implementação. Nessa etapa se planeja e executa as sugestões da etapa anterior, o que pode envolver processos de manutenção, mudanças na configuração do sistema, balanceamentos, implementações de sistemas de controle, automação e pequenas obras. Terminada a implementação e os testes, outra etapa característica desse processo é a operação assistida. Nesse período, os parâmetros do sistema devem ser acompanhados, avaliados e ajustados em várias fases até a obtenção dos melhores parâmetros energéticos e de conforto. Com a conclusão e entrega dos serviços, os projetos, manuais e demais documentos da instalação devem ser atualizados e aprovados junto aos órgãos competentes. Os resultados obtidos devem ser apresentados ao cliente e a equipe de Operação & Manutenção deve ser treinada para operar o novo sistema, evitando retrocessos. Antes de iniciar esse projeto, a empresa responsável deve avaliar se a edificação terá vantagens reais na implementação, ou seja, se o prédio se enquadra no perfil, separando os edifícios em que o Retrocomissionamento acarretará ganhos expressivos dos edifícios onde projetos de Retrofit são mais indicados. Os projetos de Retrocomissionamento podem vir a ser uma nova tendência, trazendo resultados substanciais sem a necessidade de grandes investimentos nem interrupções de funcionamento dos edifícios. Segundo relatório produzido pelo departamento de Padronização de Métodos de Projetos Energéticos Norte Americano – U.S. Department of Energy Uniform Methods Project (UMP) publicado em Setembro de 2014, que avaliou mais de mil projetos de Retrocomissionamento, esse tipo de projeto tem capacidade de reduzir entre 5% e 20% a conta energética total dos edifícios, tendo payback médio abaixo de dois anos. Uma boa oportunidade de investimento. Eng. Rafael de Melo Felipe A.Salles Engenharia 31/03/2022... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – SICFLUX17 de março de 2022A importância do sistema de pressurização de escadas Qual a importância do sistema de pressurização de escadas? Você já parou para pensar em quantas vidas poderiam ser salvas se, em caso de incêndios, os prédios e construções tivessem um bom sistema de pressurização instalado? Sem dúvidas, o número de tragédias causadas por esse tipo de acidente teria uma queda significativa. Mas você sabe o que é e qual a importância do sistema de pressurização de escadas? O que é um sistema de pressurização de escadas? Antes de saber qual a importância do sistema de pressurização de escadas, vamos entender do que se trata esse sistema, sua composição e como é instalado nas edificações. A pressurização nada mais é que o sistema que impede que a fumaça do incêndio adentre as saídas de emergências, permitindo que as pessoas saiam do local de maneira segura. Um sistema de pressurização de escadas é composto de ventilador (com fonte de energia independente), painéis, venezianas e filtros de ar. O ar é captado em um ambiente externo e insuflado para o interior das escadas por meio de dutos e grelhas em todos os andares, mantendo o local sob pressão positiva. Como funciona o sistema de pressurização de escadas? Quando o sistema é acionado, os ventiladores começam a insuflar o ar externo na caixa da escada, enquanto os exaustores fazem o trabalho de extrair a fumaça e os gases tóxicos dos demais ambientes. Nestes momentos, os alarmes são acionados e entram em funcionamento vários sistemas de proteção que podem ser agrupados em: – Proteção ao patrimônio: Normalmente é constituído de sistemas de extinção automáticos, tais como aspersores de água ou agentes saponificantes, pó químico, CO2, entre outros. Eles visam a extinguir as chamas e proteger as edificações.– Proteção a pessoa: Principal preocupação com o objetivo de promover a exaustão da fumaça do incêndio e dar tempo aos ocupantes para sair do ambiente ocupado em segurança. Importância do sistema de pressurização de escadas. Ter um sistema de pressurização de escadas instalado adequadamente não só preza pela segurança das pessoas em caso de incêndios, como também reduz de maneira significativa os casos de mortes. Isso porque o número de mortes por asfixia pela fumaça supera o número de óbitos por queimaduras em casos de incêndios. Além de ser tóxica, devido ao elevado grau que se encontra, a fumaça em alta temperatura causa inchaço interno e queimaduras em todo o trato respiratório, levando à morte por envenenamento ou asfixia. Devido a sua importância, deve ser verificado com o corpo de bombeiros estadual local a exigência para que haja um sistema de pressurização de escadas nas edificações, sejam elas residenciais ou comerciais. Este sistema evita que a fumaça e seus gases tóxicos tomem conta do local. Entretanto, é importante que esse sistema tenha um plano de manutenções periódicas preventivas e corretivas, a fim de identificar possíveis falhas a tempo de garantir a maior segurança em uma eventual ocorrência de incêndio. Você já parou pra pensar em quantas vidas poderiam ser salvas se, em caso de incêndios, os prédios e construções tivessem um bom sistema de pressurização instalado? Sem dúvidas, o número de tragédias causadas por esse tipo de acidente teria uma queda significativa.... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – SICFLUX16 de dezembro de 2021 O impacto da qualidade do ar na construção civil Você sabia que a construção civil é a indústria que mais causa impactos ambientais no planeta? Entulhos, poeira e o lixo acumulado durante as obras são algumas das consequências de um processo de construção, que acabam gerando poluição e danos no ambiente. Essas consequências geram impactos da qualidade do ar na construção civil, resultando na contaminação em toda a estrutura e danos à saúde de futuros moradores. Mas, o que pode ser feito para melhorar este cenário? Qualidade do ar deve ser uma preocupação na construção civil A preocupação com a qualidade do ar deve iniciar antes mesmo de colocar o projeto em prática, e não depois. Uma construção que não conta com renovação do ar desde o princípio acaba colocando em risco não somente os operadores da obra, como também os futuros moradores. Além de evitar que problemas de saúde piorem ou sejam desencadeadas pela má qualidade do ar, a preocupação quanto aos impactos da poluição do ar na construção civil também garante economia ao empreendimento. Isso porque um funcionário doente causa atraso e um possível custo adicional em todo o projeto de construção. Estudos comprovam a importância direta do bem-estar e da qualidade do ar dos ocupantes das edificações, o que faz com que a atenção à qualidade do ar interno seja um ponto de grande importância e que vai além da prevenção de doenças. A preocupação e cuidado com a qualidade do ar garante que a construção contará com renovação do ar adequada desde o princípio. Impactos da qualidade do ar na construção civil Os processos realizados em obras de construção ou reformas – que muitas vezes são realizadas na presença dos moradores – geram poluição do ar através de partículas contaminantes como fumaça, tinta e entulhos acumulados. Essas partículas contaminantes podem ser encontradas não só em grandes empreendimentos, mas em pequenas obras, gerando grandes impactos da qualidade do ar. No caso de construções de uso coletivo, como grandes empresas e hospitais, por exemplo, esses impactos são ainda maiores. Por isso, quanto antes se pensar na qualidade do ar na construção civil, mais limpo e saudável será o ar presente no ambiente. E já que estamos falando em impactos da qualidade do ar na construção civil, nada melhor do que trazer também algumas dicas para melhorar este cenário, não é mesmo? Soluções para melhorar a qualidade do ar na construção civil Apostar em equipamentos capazes de colaborar para a melhora na qualidade do ar dos ambientes, eliminando o calor, odores e impurezas de áreas com pouca circulação do ar é fundamental para tornar o seu ambiente mais saudável. Os projetos de construção civil devem ser pensados de forma minuciosa, com dedicação e responsabilidade. Atualmente, já existem no mercado soluções que buscam aliar a eficácia na eliminação da poluição do ar para os construtores seguindo um conceito de sustentabilidade. Essas soluções nada mais são do que medidas preventivas que usam novas tecnologias capazes de ajudar na melhora da qualidade do ar para os profissionais que trabalham na obra, reduzindo a poeira e outros materiais particulados que ficam em suspensão no ambiente e prejudicam à saúde. FONTE:temsustentavel.com.br/... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – WAP AIR11 de novembro de 2021 Ar-condicionado pingando não é normal. Existem diversas causas que podem fazer um ar-condicionado ficar com esse “pinga-pinga”, inclusive erro na instalação do aparelho. Por isso, iremos abordar algumas situações que podem gerar vazamentos e como você pode evitar. Um ar-condicionado com vazamento pode ser consequência do uso de uma tubulação de dreno com o diâmetro menor do que o necessário ou do que o sugerido pelo fabricante do produto. Se o problema for esse, poderá ter como consequência: os entupimentos. Neste caso, o ideal é a reinstalação da tubulação. Outra causa comum é a falta de manutenção/limpeza do equipamento, pois todo acúmulo de sujeira na bandeja do evaporador gera uma limosidade residual que bloqueia a passagem de água para o seu sistema de drenagem e o vazamento de água acaba acontecendo. Para os equipamentos que possuem bomba de drenagem em seu sistema, esta mesma limosidade na bandeja pode vir a causar obstrução na bomba de drenagem ou até mesmo na tubulação, é fundamental higienizar e programar a manutenção preventiva com regularidade. Todos os serviços devem ser executados por um técnico especializado. Quando o problema está relacionado com algum periférico do equipamento, podemos relacionar alguns fatores, dentre eles, temos: Filtro do evaporador entupido; baixa rotação da turbina por sujidade ou baixa carga de fluido refrigerante, estes fatores contribuem para o congelamento da serpentina, que naturalmente ao descongelar, provoca o início do vazamento nas aletas do evaporador. Um técnico especializado poderá determinar a causa do ar-condicionado estar pingando, suas consequências e identificar a solução do problema. A melhor forma de prevenir vazamentos é realizando a manutenção preventiva do aparelho, pois ela pode minimizar as chances de problemas no equipamento e também evitar danos futuros. ... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – SICFLUX21 de outubro de 2021 Importância do exaustor de ar no consultório odontológico Você já parou pra pensar na poluição do ar presente em consultórios odontológicos? Envolvidos com a saúde bucal dia a dia, os profissionais dentistas e seus pacientes estão constantemente em contato com diversos produtos químicos, além de poeiras e pós, que podem trazer sérios problemas de saúde. No conteúdo de hoje, vamos falar sobre a importância do exaustor de ar no consultório odontológico e como ele pode ajudar na melhora da qualidade do ar e da saúde dos ocupantes. Compostos químicos presentes nos consultórios odontológicos Todos reconhecem o consultório odontológico pelo cheiro de produtos químicos. Desde o mais simples alvejante, usado para desinfetar pisos e paredes, passando por hipoclorito de sódio 1%, glutaraldeído, eugenol, fenol, p-clorofenol, cresol, tricresol, chumbo, mercúrio, óxido nitroso e até formaldeído. Todos esses produtos químicos são considerados tóxicos. Pesquisa de campo – Exaustor de ar no consultório odontológico Em um estudo baseado em uma pesquisa de campo realizada na cidade de Rio Branco / Acre, entrevistou-se 40 dentistas dos setores público e privado para avaliar o nível de conhecimento desses profissionais sobre o uso de exaustores de ar em consultórios odontológicos. O objetivo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Acre e apoio técnico da Agência Municipal de Vigilância Sanitária (Devisa), e destacou a importância do exaustor de ar no consultório odontológico. As entrevistas foram realizadas em uma amostra de 20% dos consultórios odontológicos do município, selecionados aleatoriamente, correspondendo a um total de 20 do setor público e 20 do setor privado. Normas e recomendações para serviços de saúde Além da utilização de equipamentos de proteção individual e das recomendações do fabricante, a estrutura física de consultórios odontológicos também merece atenção especial no manuseio de produtos químicos de uso rotineiro em odontologia. Os exaustores, de maneira geral, são equipamentos adequados para renovar o ar em ambientes fechados e com alta circulação de pessoas. Sua finalidade em consultórios odontológicos é remover gases e vapores químicos tóxicos e poeiras que são prejudiciais à saúde humana. No âmbito do Ministério da Saúde, o órgão responsável pela normalização na área de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As exigências sanitárias relacionadas a projetos de estrutura física estão contidas na Resolução n. 50 da Diretoria Colegiada da Anvisa, aprovada em 21 de fevereiro de 2002. Este documento norteia os fiscais de vigilância sanitária, quando das inspeções realizadas em consultórios odontológicos, no tocante a estrutura física. Mas, infelizmente, tanto a RDC 50/Anvisa, Brasil, como as demais Resoluções da Anvisa relacionadas à estrutura física e à qualidade do ar em interiores, não fazem referência quanto à obrigatoriedade da instalação de exaustores em consultórios odontológicos. No dispositivo normativo intitulado Regulamento Técnico sobre Processamento de Artigos e Superfícies em Serviços de Saúde, elaborado por uma Comissão de Biossegurança do CFO (13), está demonstrada a necessidade de instalação de exaustores em ambientes onde se realiza a esterilização de materiais e/ou instrumentais, tendo em vista a elevação da temperatura no ambiente, o que facilitaria uma dispersão mais rápida dos vapores e gases tóxicos existentes nesses locais. Muito embora não se refira especificamente ao ambiente odontológico, esta regra pode ser muito bem aplicada para consultórios odontológicos, uma vez que praticamente todos eles utilizam equipamentos de esterilização em seu ambiente clínico interno. Falta de conhecimento da importância do exaustor de ar em consultórios odontológicos por parte dos profissionais Dos 40 cirurgiões-dentistas entrevistados, 31 (78%) afirmaram que apresentam com certa frequência algum problema de saúde em decorrência da má qualidade do ar dentro dos consultórios odontológicos. Dentre os problemas de saúde indicados no formulário de entrevista, os mais apontados foram: – Alergia respiratória – 19 vezes (31,14%);– Dor de cabeça – 16 vezes (26,23%);– Tosse – 9 vezes (14,75%);– Dermatite – 5 vezes (8,19%);– Outros – 12 vezes (19,67%). Os problemas indicados como outros foram nervosismo (5 vezes – 8,19%), irritabilidade (3 vezes – 4,92%), diarreia frequente (2 vezes – 3,28%) e gripe constante (2 vezes – 3,28%). Dos 31 profissionais que responderam que costumam ter um ou mais dos problemas de saúde listados na ficha de entrevista, 17 disseram ter recebido tratamento. Dentre esses 17 profissionais que receberam tratamento, 5 disseram que foram curados, 9 disseram que o quadro ainda é o mesmo, 2 disseram que o problema acabou de melhorar e 1 disse que o problema foi curado, mas teve recidiva posteriormente. Em relação às medidas para evitar a inalação / ingestão de poeira, poeira, gases e / ou vapores tóxicos no ambiente odontológico, todos os profissionais entrevistados (100% das amostras) responderam que utilizam apenas equipamentos de proteção individual (EPI) e realizam as recomendações do fabricante para o descarte adequado dos produtos químicos usados em consultórios odontológicos. Para 25 profissionais, ou seja, 62,5% do total de entrevistados, a causa principal da não instalação de exaustor nos consultórios odontológicos é porque os órgãos de fiscalização nunca recomendaram. Instalar exaustores em consultórios odontológicos ainda não é uma medida adotada pelos dentistas e realmente é muito preocupante. É necessário que os órgãos de vigilância sanitária passem a assessorar os profissionais na instalação de exaustores em ambientes odontológicos. Devido ao pouco conhecimento da maioria dos cirurgiões-dentistas e gestores de saúde sobre a importância da instalação de exaustores nos consultórios odontológicos, bem como a falta de normas sanitárias específicas que abordem esta questão e ao mesmo tempo sensibilizem órgãos e unidades odontológicas para a sua decisão. Devido ao pouco conhecimento da maioria dos cirurgiões-dentistas e gestores de saúde sobre a importância da instalação de exaustores nos consultórios odontológicos, bem como a falta de normas sanitárias específicas que abordem esta questão, acabam por não sensibilizar órgãos e unidades odontológicas para uma boa decisão técnica quanto à renovação de ar. A solução recomendada é sempre a instalação de sistemas de renovação e filtragem do ar adequados em ambientes com alta rotatividade de pessoas, conforme normas técnicas e legislação do país, para utilização de equipamentos de purificação que são insufladores para tomada de ar externo com filtros de alta eficiência. FONTEhttp://revista.aborj.org.br/index.php/rbo/article/viewFile/86/81... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – WAP AIR9 de setembro de 2021Plano de rigging e ART: sucesso no transporte vertical de Equipamentos Para que todos possam usufruir do bem-estar proporcionado pelos sistemas de condicionamento de ar, existem diretrizes e etapas cruciais que vão desde o desenho do projeto até o pós-instalação. O içamento vertical das unidades resfriadoras de líquido (chillers) é uma delas. Por ser uma atividade de alta complexidade, a ação requer a elaboração de documentos técnicos específicos: o plano de rigging. Ele define e planeja como será executado o transporte vertical, avaliando diversos fatores envolvidos na operação, dentre os principais itens, destacamos: o selecionamento dos materiais– guindaste sobre rodas, carreta prancha seca, caminhão guindauto e veículos de apoio logístico – o material humano disponibilizado– profissionais e técnicos específicos para o pleno atendimento das atividades, além de avaliações referentes a iluminação, caso o serviço seja executado no período noturno, isolamento e sinalização da área, condições climáticas, interferências no solo e aéreas, altura máxima e raio necessário para a operação, dentre outros. Esse planejamento tem como objetivo principal a segurança de todos os envolvidos e a qualidade da operação. Outro documento não menos importante e que é mandatório para a realização das atividades de içamento é a emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao órgão competente, que para efeitos legais, define os responsáveis técnicos pelo desenvolvimento da atividade. A emissão dos documentos descritos acima tem a função de zelar pela integridade da sociedade e profissionais dos envolvidos, proporcionando também a segurança técnica e jurídica para quem contrata e para quem é contratado. Apenas após todos esses atestados, há a execução do içamento. Na obra de modernização do sistema de climatização do prédio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Ao todo, foi feito a troca de cinco Chillers (unidades resfriadoras de líquido), que pesam cerca de 8 toneladas cada. Para instalar os novos equipamentos, o primeiro passo foi içá-los à cobertura do edifício, de uma altura aproximadamente de 30 metros, contando com apoio de um parceiro especializado em transporte vertical. Durante a operação, também foi necessária a interdição da via e o balizamento do trânsito, trabalho que é solicitado junto aos órgãos competentes e realizado por profissionais da prefeitura da cidade que detêm esta expertise. No projeto no TJ-RJ, também foi realizado a troca de todo cabeamento elétrico e disjuntores, com intervenções nos barramentos do quadro de alimentação elétrica dos equipamentos e instalação da infraestrutura de eletrocalhas, paralelo a isso, foram realizadas adequações nas tubulações de retorno e alimentação de água gelada do barrilete que atende aos chillers. Local: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Capacidade total: 1.300 TR Serviço: Modernização do sistema de climatização (Retrofit) Equipamentos: Chiller – Fabricante: Carrier.... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – DATUM2 de setembro de 2021O VIDRO COMO ALIADO Neste artigo falaremos de duas situações em que a aplicação de vidro nas edificações pode ser feita com bom desempenho energético. DUPLA FACHADA VENTILADA A fachada é um dos pontos de maior potencial de economia de energia no projeto de um edifício de fachada de vidro. Atualmente tem sido muito valorizado a entrada de luz natural e o fato dos ocupantes terem a visão externa do prédio, dando a sensação de conforto visual. Para tanto o desempenho das fachadas se torna um item importantíssimo a ser estudado visando a redução do consumo de energia no ar condicionado, contribuindo inclusive, para a certificação LEED. Vale lembrar de outro diferencial na escolha do vidro quando a preocupação é sustentabilidade: é um material 100% reciclável. 1kg de caco de vidro faz 1 kg de vidro novo. No Edifício Cidade Nova no Centro do Rio de Janeiro, foi desenvolvida uma solução onde vidros duplos espaçados 60 cm entre eles permitem uma ventilação por convecção natural em função do aquecimento dos próprios vidros pela radiação solar. Desta forma, a energia radiante solar ao ser absorvida pelos vidros externos de alto coeficiente de absorção, aumenta consideravelmente sua temperatura, provocando correntes naturais de ar entre as duas placas de vidro. Este fluxo natural de ar ascendente (efeito chaminé) é possível, pois o espaço entre os vidros externo e interno é aberto em cima e em baixo, permitindo livre circulação de ar entre eles (ver figura 1). FIGURA 1 Conforme pode ser observado na Figura 1, com esta solução foi possível atingir o excelente valor de coeficiente de sombreamento de 0,18 (isto significa que em comparação a um vidro comum somente 18% da radiação solar incidente se transforma em carga térmica nos ambientes condicionados). Além de reduzir a carga radiante sobre os vidros, também o fluxo de calor para as paredes externas é reduzido, pois o vidro externo protege a superfície das paredes contra a radiação solar direta, diminuindo o diferencial equivalente de temperatura (importante elemento do cálculo do ganho de calor nas paredes externas). Um artigo na edição de Abril/2009 da revista da Ashrae (Ventilating Facades) estudou detalhadamente diferentes combinações de vidros e sistemas de circulação de ar em fachadas ventiladas (ver figura 2), exatamente como executado no Edifício Cidade Nova. FIGURA 2 Os resultados apresentados são tão interessantes quanto os que foram obtidos no projeto Cidade Nova, mostrando que este tipo de solução tem elevada atratividade, tanto para o conforto dos ocupantes quanto para a eficiência energética. CLARABÓIA O que une os dois blocos do Edifício Cidade Nova é um grande átrio com 900 m² de área de clarabóia, com pé direito até o topo da construção. Desta forma um grande “colchão de ar” funciona como isolante térmico contribuindo para a redução da carga térmica, uma vez que o a distribuição de ar acontece somente na área ocupada. Assim como as fachadas, a claraboia permite a entrada de luz natural no pátio interno, aumentando o conforto visual, sem prejuízo energético. Figura 3 Edison Tito Guimarães Diretor Técnico – DATUM Consultoria e Projetos ... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – SICFLUX19 de agosto de 2021Qualidade do ar no inverno Mantenha a boa qualidade do ar durante o inverno Chegou a temporada mais fria do ano e você só quer ficar em um ambiente fechado e quentinho? Cuidado, ambientes fechados ou com pouca circulação do ar são mais propícios para a disseminação de vírus e bactérias que contaminam o seu ambiente. Para enfrentar os dias mais frios do ano com a saúde em dia, é necessário ter alguns cuidados para que você mantenha a boa qualidade do ar durante o inverno e possa curtir a estação da melhor maneira possível. Tenha cuidado com os aquecedores a gás Além de trazer um charme para o ambiente, o uso de aquecedores a gás proporciona inúmeros benefícios para as pessoas, especialmente durante a época mais fria do ano. Embora benéficos, os aquecedores a gás podem se tornar um grande perigo quando utilizados de maneira incorreta, isso porque eles podem conduzir à formação de um gás altamente tóxico no ambiente: o monóxido de carbono. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), quando inalado, as moléculas de monóxido de carbono se ligam à hemoglobina presente no sangue. Isso dificulta a circulação e distribuição do oxigênio – essencial para a vida humana – no corpo. É uma morte por asfixia. Após sua inalação, o monóxido de carbono pode causar leves sintomas de envenenamento, que podem ser percebidas por dores de cabeça e até falhas na respiração. Uma exposição rápida ao gás pode levar a desmaios, sensação de confusão, náusea e dores de cabeça. Para saber mais sobre esse assunto, você pode conferir o material que publicamos recentemente no nosso Blog, basta clicar aqui. (https://sicflux.com.br/blog/impactos-do-monoxido-de-carbono-em-ambientes-fechados/) Limpe o filtro do seu ar condicionado Para que você mantenha a boa qualidade do ar durante o inverno, não custa lembrar daquela dica que tanto damos aqui no Blog. Os filtros dos aparelhos de ar condicionado são os responsáveis por acumular fungos, ácaros, vírus e bactérias que podem, com o passar do tempo, tornar o seu ambiente prejudicial à saúde. Por isso, a manutenção desse aparelho deve ser levada a sério. Dormir, trabalhar ou curtir um filme em ambientes muito frios pode ser extremamente desconfortável, aumentar as chances de resfriados e até prejudicar a qualidade do sono. O ar condicionado pode ser um grande aliado durante o inverno, desde que esteja em condições de uso. Lembre-se, cuidar da saúde é essencial! Esse é um lembrete que vale para o ano todo! Durante o inverno, não se pode deixar de ter uma atenção especial com as gripes e os resfriados, especialmente em pessoas com imunidade baixa ou que apresentam alguma doença respiratória. Em ambientes fechados ou com pouca circulação do ar, os riscos de desenvolver esse tipo de problema aumentam ainda mais. Alguns sintomas relacionados à saúde são facilmente identificados quando estamos em um ambiente com ar poluído, como cansaço, dores de cabeça, ardência nos olhos e narinas, e em alguns casos a presença de tontura. SICFLUX Agosto 2021... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – VELTHA29 de julho de 2021Confira o artigo técnico de nosso associado VELTHA: Carga Carbônica – Um novo parâmetro nos projetos de climatização de ambientes. Atualmente, a preocupação com os efeitos causados pelo aumento das concentrações dos gases de efeito estufa já está inserida no cotidiano da população mundial, dentre os quais o dióxido de carbono e o metano são os de maior representatividade. A presença de dióxido de carbono em ambientes internos ganha importância em função de que em países desenvolvidos passa-se, em média, mais de 90% do tempo em ambientes internos. A redução das taxas de ar externo, a partir de 1973, em função da crise mundial de energia disparou a busca pela eficiência energética. Leia o texto integral clicando no link abaixo: AQUI ... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – ASPEN22 de julho de 2021A IMPORTÂNCIA DE AMBIENTES SAUDÁVEIS NUMA PANDEMIA O projeto de edifícios sustentáveis impacta no bem-estar proporcionando vida mais saudável e produtiva para seus ocupantes. Essa abordagem é ainda mais importante no momento em que a epidemia de COVID-19 se torna um fato da vida. O bem estar pode finalmente se tornar importante com função critica do projeto de um edifício. Ao longo da ultima década, arquitetos e engenheiros tem trabalhado para esclarecer proprietários e incorporadores dos impactos das abordagens do projeto de edifícios sustentáveis na criação de ambientes mais saudáveis e produtivos para seus ocupantes. No entanto, a epidemia de COVID-19 tem demonstrado que essas considerações de bem estar não são mais apenas meros agregadores de valor para um edifício, ao contrario, são elementos necessários para permitir que as equipes reocupem os espaços com segurança. Edifícios já projetados para atender as exigências de LEED¹, WELL², Fitwel³ ou BREEAM 4 tem uma vantagem nessa área. Projetar para saúde ambiental e baixo impacto de carbono tem sido há muito tempo considerados nos sistemas de certificação ambiental. Mas, quais são os critérios que podem ajudar na mitigação da propagação do COVID-19 e apoiar os ocupantes a se ajustarem em segurança ao “novo normal”? É importante notar que nenhum dos critérios apresentados a seguir, podem completamente prevenir a propagação do vírus, contudo essas estratégias, em conjunto com o maior distanciamento social, podem tornar os ambientes mais seguros. 1 LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema de certificação de “edifícios verdes” desenvolvido pelo U.S. Green Building Council (USGBC), internacionalmente reconhecido que verifica de forma independente se um edifício ou comunidade foi projetado e construído utilizando estratégias focadas em melhoramento de desempenho em todas as questões mais importantes: economia de energia, uso eficiente da água, redução das emissões de CO2, melhoramento da qualidade ambiental, administração de recursos e redução de seus impactos. 2 WELL Building Standard é o primeiro sistema de certificação com foco exclusivo na saúde humana e bem-estar de um empreendimento imobiliário. Foi desenvolvido e é administrado pelo International WELL Building Institute (IWBI). A norma WELL é um sistema de medições que, baseado em evidencias, certifica e monitora o desempenho dos recursos de um edifício que impactam na saúde e no bem-estar. O WELL se apoia no LEED e suas recomendações partem de onde terminam as normas do LEED. 3 O Fitwel é uma certificação para construções que visa apoiar a criação de ambientes mais saudáveis no local de trabalho e em residências, melhorando a saúde e a produtividade dos ocupantes, foi desenvolvido pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC) e pelo General Services Administration (GSA), ambos órgãos oficiais do governo dos Estados Unidos, que observaram que a infraestrutura das edificações têm potencial enorme de promover e apoiar a melhoria na saúde e bem-estar das populações que vivem em cidades, através de estratégias simples de projeto e governança. 4 BREEAM significa Método de Avaliação Ambiental do Building Research Establishment (BRE), instituição inglesa responsável pela criação do selo, em 1992. Muito popular no Reino Unido e nos países europeus, o BREEAM chegou ao Brasil em 2011 sob o esquema de certificação internacional BESPOKE, um sistema personalizado e adaptado que incorpora as normas e regulamentos locais. O BESPOKE foi desenvolvido para projetos internacionais e cobre diversos programas: residenciais, comerciais, escritórios, industriais, entre outros. A certificação BREEAM utiliza medidas de avaliação de desempenho reconhecidas internacionalmente, aplicadas a partir de uma ampla gama de categorias e critérios de avaliação. Sua metodologia robusta foi desenvolvida com base em pesquisas científicas relacionadas à construção civil. O nível de exigência é altíssimo e sua introdução no cenário brasileiro ainda é recente e pouco desenvolvida. Não há uma entidade que represente e ajude a divulgar a certificação por aqui e, além disso, as evidências para o atendimento de alguns critérios (como análise de ciclo de vida, por exemplo) ainda são pouco disponíveis no país, o que dificulta a aplicação e obtenção desses créditos. O BREEAM International Bespoke referencial desenvolvido para aplicação em países fora da Europa. É dividido em nove categorias (cada uma delas com diversos critérios, denominados créditos), são elas: Gerenciamento, Energia, Água, Transporte, Materiais, Poluição, Saúde e bem-estar, Uso da terra e Ecologia, geração e manejo de Resíduos. Ventilação Eficaz Os critérios WELL Air Precondition 3 e LEED v4.1 O+M (Indoor Environmental Quality Prerequisite 1) exigem que os sistemas de ventilação sejam testados e balanceados a cada cinco anos e mantidos dentro das taxas da norma ASHRAE 62.1. Essa boa pratica deveria ser adotada pelos operadores de edifícios para a reabertura uma vez que as taxas de ar exterior introduzido nos recintos frequentemente caem abaixo de níveis adequados por razão de mudanças de layouts, e da deterioração natural dos equipamentos e manutenção não eficiente. Uma maneira fácil de limitar o crescimento de vírus e bactérias no ar interno é se livrar deles! Sistemas mecânicos de tratamento de ar supostamente suprem ar novo e oxigenado para os ambientes internos e exaurem o dióxido de carbono, material particulado, formaldeído, monóxido de carbono e uma série de compostos prejudiciais como os COVs (Compostos Orgânicos Voláteis) do ar. Nesse processo, partículas vetores de vírus são também exauridas, mas se as taxas de renovação de ar do prédio são insuficientes, maiores concentrações de partículas e vírus podem permanecer no espaço ocupado. Já é bem sabido que COVID-19 é disseminado quando uma pessoa infectada espirra ou tosse expelindo gotículas contendo milhões de pequenos microorganismos. Elas podem se tornar aerossol no espaço ocupado ou decantar em superfícies, inclusive as mesas e estações de trabalho, onde as pessoas tocam. Com sistemas de ventilação bem projetados e mantidos, operadores de edifícios podem minimizar a disseminação do vírus. No entanto, o aumento da taxa de ar externo em 30% acima das taxas da ASHRAE 62.1 (conforme recomendado pela WELL Air Optimization 6 e LEED v.4.1 BD+C EQ Credit 1) ajuda na diluição da concentração de vírus no espaço ocupado. Uma maior taxa de ar de renovação é pratica padrão na indústria de saúde e dado o risco do COVID-19 é uma boa hora para adoção dessa pratica e ajustar ou retrofitar equipamentos existentes para prover ar externo adicional. Sensores adicionados ao sistema de suprimento de ar exterior podem ser conectados ao sistema de automação predial (BMS) possibilitando ajuste e monitoramento da qualidade do ar (WELL Air Optimization 8). Também é ótima prática, se possível, abrir janelas e portas para aumentar o fluxo de ar externo. WELL e LEED preconizam o uso de janelas automatizadas (WELL Air Optimization 7 e LEED v.4.1 BD+C EQ Prerequisite 1). Todas essas medidas de qualidade podem ser registradas num documento denominado Política de Qualidade do Ar Interno para o edifício e no Fitwel Indoor Environment Strategy 6.3 pode ser encontrado um modelo para a criação desse documento. Além das Boas Práticas de Engenharia e Manutenção para redução da propagação do vírus, um beneficio secundário que pode reduzir o desconforto e preocupação a respeito do retorno ao ambiente de trabalho são praticas integradas que aumentam a satisfação dos ocupantes. As pessoas percebem estar num edifício saudável quando há muita luz solar, o ar cheira bem e não há estagnação. A sensação saudável pode ser ampliada por janelas e portas abertas, que ajudam ocupantes a se sentirem energizados pela luz solar e vista aberta para a natureza. A possibilidade de acessar facilmente o exterior por varandas e terraços adiciona benefícios à saúde. Os ocupantes se sentem mais seguros e confortáveis quando seu ambiente contribui para sua saúde. Conjugando boas estratégias de projeto e de praticas operacionais com conexões com a natureza e biofilia (WELL Mind Precondition 2 e Fitwel Workspaces Strategies 7.1-7.2), as condições de saúde podem ser ampliadas resultando em menor estresse no retorno ao ambiente de trabalho. Filtragem do Ar É prática comum que os sistemas de renovação de ar incluam algum nível de filtragem para evitar que particulados, poeira atmosférica e outros detritos entrem no meio ambiente interno. No entanto, o nível de filtragem e a manutenção dos filtros são importantes para entregar ar novo e saudável aos ocupantes. E, dado às preocupações que os funcionários têm com o retorno ao ambiente de trabalho, podemos esperar mais questionamento e escrutínio a respeito do ar que estão respirando. É, portanto, um bom momento para estabelecer protocolos de substituição de filtros que atendam as recomendações dos fabricantes e para avaliar se os equipamentos de condicionamento de ar podem acomodar nível superior de filtragem. A norma WELL Air Optimization 12 exige registros de substituição e estabelece os tipos de filtros pelas condições do ar externo. Densas áreas urbanas, áreas quentes e secas do interior do país, assim como, localizações próximas de grandes vias de transportes e autoestradas, usualmente tem maiores níveis de material particulado necessitando de maior nível de filtragem. A norma EN 16798-3:2017 trás as diversas classificações do ar exterior de forma a determinar qual o filtro ideal para a localização específica. Os critérios da LEED (LEED v.4.1 BD+C IEQ Credit 1) recomendam como mínimo, filtros classe MERV 13 (F7 conforme NBR-16401-3:2008) e a norma WELL Air Optimization 12 recomenda até MERV 16 (F9 conforme NBR-16401-3:2008) com pré-filtro classe MERV 8 (classificação aproximada G4 conforme NBR-16401-3:2008) baseado numa revisão dos níveis de qualidade do ar exterior e material particulado (chamado PM2.5 e PM10). PM2.5 são as menores partículas que podem entrar nos pulmões e e corrente sanguínea causando doença cardíaca e outras complicações cardiovasculares. MERV 13 é um nível superior de filtragem e pode capturar até 75% de partículas PM2.5 e bactérias e vírus e MERV 16 pode capturar até 95% e deve ser de especial consideração se o prédio recircula o ar interno (a esmagadora maioria das instalações de ar condicionado recirculam o ar interno adicionando uma parcela de ar externo). Acima e além dos créditos LEED e WELL estaria o uso dos filtros classe MERV 17 ou filtros de alta eficiência classificados como HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance), indicados para instalações de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, áreas de produção de laboratórios farmacêuticos e outros sistemas críticos. O COVID-19 é pequeno, aproximadamente 0,03 micrometros em diâmetro (para comparação, o diâmetro médio do cabelo humano é de 100 micrometros. Tão pequeno que, sozinho, pode passar através da maioria dos filtros. No entanto, ele normalmente pega carona em material particulado como PM2.5, coagulando num corpo de tamanho maior. Portanto, é importante utilizar no mínimo um filtro MERV 13 (F7) para filtrar essas pequenas partículas, caso o equipamento do sistema existente não puder acomodar nível maior de filtragem. Esses níveis superiores de filtragem são suficientemente potentes para reduzir (no entanto, não suprimir) a propagação dos vírus. Por essa razão não se recomenda a instalação de filtros HEPA em espaços comerciais. Se os sistemas existentes não puderem acomodar filtros de maior eficiência e a perda de pressão associada, sistemas eletrônicos podem ser empregados como, por exemplo, a tecnologia IRC (Ionização Radiante Catalítica) para matar bactérias e vírus. A norma WELL oferece créditos por tratamento UV para esporos de mofo e bolor nas serpentinas de resfriamento e bandejas de condensado dos sistemas de condicionamento de ar (WELL Air Optimization 14). Apesar de funcionar bem para combate a esses microrganismos, mantendo serpentinas e bandejas de condensado limpas e desincrustadas, o que garante eficiência energética e maiores intervalos de manutenção, ela será ineficaz no tratamento de vírus uma vez que eles estão viajando através do sistema de ar condicionado muito rapidamente. Simplesmente não há tempo de “residência” para que a luz UV faça seu trabalho. Alternativamente, sistemas independentes de lâmpadas UV de ambiente podem ser usados fora do horário de ocupação para esterilização de ar e superfícies como parte de um protocolo regular de limpeza dos recintos. LEED, WELL e Fitwel também oferecem créditos para testagem da qualidade do ar interior. Enquanto os protocolos de testagem da qualidade do ar interior da norma ASHRAE 62.1 não cobrem a detecção de vírus, sua implementação pode ajudar a demonstrar para os ocupantes que as “Boas Práticas” que você tiver implementado no edifício estão funcionando e são, assim, apropriadas para proteção contra a propagação do vírus (LEED v4.1 O+M EQ Prerequisite 4, WELL Air Precondition 1 e Optimization 5 e Fitwel Indoor Environment Strategy 6.4). Controle de Umidade Certos níveis de umidade podem habilitar os vírus a sobreviver por mais tempo e até a proliferar tornando mais difícil o controle de sua propagação. Umidade relativa elevada pode promover o acumulo e o crescimento de microorganismos e baixa umidade relativa pode também ser associada com maiores taxas sobrevivência (reduzida inativação) dos vírus. A solução para os prédios localizados em áreas de clima de amplas faixas de umidade relativa é manter o nível de umidade adicionando ou removendo vapor d´água do ar. Essa prática inibe a proliferação e melhora a qualidade do ar e o conforto térmico. A norma WELL Comfort Optimization 7 recomenda que o sistema mecânico em todos os projetos (exceto espaços projetados para alta umidade como piscinas cobertas e estufas de plantas) tenha capacidade de manter a umidade relativa (UR) entre 30% e 60% o tempo todo. Os níveis modelados de UR no espaço devem permanecer dentro dessa faixa pelo menos 98% de todo o horário comercial do ano. Dados recentes de umidade interna e a propagação do vírus recomendam a manutenção da faixa da UR entre 40% e 60%. A faixa recomendada serve para manter maiores as gotículas que contem partículas virais, evitando sua evaporação precoce, permitindo assim, que decantem nas superfícies da sala mais rapidamente em vez de permanecerem aerossolizadas no espaço ocupado. Imagina-se também que isso dê maior probabilidade para a ruptura da membrana e a inativação do vírus. E abaixo dessa faixa, a baixa umidade ambiente prejudica a capacidade do sistema imunológico para combater infecções virais. Confie na sua estratégia Não há nada que garanta eliminar totalmente o risco do COVID-19 do seu prédio. Há variáveis demais quando se movimentam pessoas para dentro e para fora de um recinto. A chave para a mitigação da proliferação, juntamente com adequado distanciamento social é ir descobrindo quais abordagens são mais eficazes. O que estamos aqui tentando divulgar é a variedade de upgrades que podem ser aplicados aos sistemas existentes, abordagens operacionais e técnicas de higiene que podem ajudar a criar ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. Adaptado do Consulting-Specifying Engineer Magazine.... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – A.SALLES ENGENHARIA15 de julho de 2021Recuperação de Energia – Pré-tratamento de ar exterior A eficiência energética dos sistemas de ar condicionado não pode mais ser uma característica secundária dos projetos. Deve ser uma regra! O Empreendedor moderno não deve ter o olhar voltado apenas para o investimento inicial e o retorno no curto prazo. Deve pensar a frente! Deve se preocupar com os custos de operação do sistema, que vão impactar diretamente na eficiência e rentabilidade dos seus negócios. Deve tomar decisões que colaborem com a preservação ambiental, assunto que não pode mais ser adiado. Os sistemas de ar condicionado, por serem um dos principais consumidores de energia dentro de uma edificação, devem ser projetos com o objetivo de reduzir ao máximo o consumo energético, diminuindo os custos operacionais e contribuindo para um planeta mais saudável. Para isso, todo projeto deve ser pensado de maneira eficiente, a começar pela definição da carga térmica, que deve ser calculada com o máximo de precisão possível evitando fatores de segurança elevados e superdimensionamento de equipamentos. O projetista deve desenvolver soluções de HVAC que efetivamente promovam a redução da carga térmica e trabalhar junto com a arquitetura para o mesmo objetivo, em frentes como a definição da envoltória do edifício (característica das coberturas, paredes e vidros externos), projeto de iluminação e outros. É importante optarmos por equipamentos de alta eficiência, utilizando sempre que possível variadores de frequência em compressores, bombas e ventiladores para que a instalação opere o máximo de tempo possível nos parâmetros ideais. O sistema de automação, bem executado e posteriormente bem operado, também exercerá papel fundamental nesse quesito. Uma prática que vem ganhando cada vez mais espaço em projetos que colocam a eficiência como requisito básico, são os sistemas de recuperação de energia que utilizam o ar de retorno, que seria exaurido, para pré-tratamento o ar exterior, quente e úmido. A captação de ar exterior é um procedimento fundamental para a conservação da qualidade do ar. A norma NBR-16401-3 regulamenta que todas as instalações com capacidade superior a 10kW (aproximadamente 3TRs) devem ter sistema de ventilação forçado. Essa norma apresenta uma fórmula para o cálculo da vazão de ar exterior demandada e uma extensa tabela, com coeficientes que relacionam 3 fatores: a aplicação do local climatizado (escritório, escola, hotel etc.), o número de pessoas que utilizarão simultaneamente o ambiente e a área do ambiente. Apesar de ser fundamental para a qualidade o ar interior, o ar exterior captado representa uma parte significativa da carga térmica de um edifício. Fatores como concentração de pessoas por metro quadro e características climáticas do local da instalação influem no impacto desse fator sobre a carga térmica total. No Rio de Janeiro predomina um clima quente e úmido. Por isso, na maioria dos projetos, o ar exterior tem um peso relevante sobre a carga térmica. Nesse cenário podemos ter bons resultados “recuperando o calor” do ar exaurido nas condições de retorno, com o pré-tratamento do ar exterior quente e úmido. Princípios Físicos A segunda lei da termodinâmica define que o calor é naturalmente transferido de uma superfície quente para uma superfície fria. A mesma lógica pode ser aplicada a transferência de massa, que flui de uma região de pressão mais alta para uma de pressão mais baixa. A partir desses princípios, os sistemas de recuperação de calor de-ar-para-ar podem possibilitar a troca de calor sensível e latente entre o ar exaurido e o ar exterior. Para isso devem ser utilizados unidades de tratamento de ar chamadas ventiladores de recuperação de energia. Esse tipo de equipamento possui trocadores de calor pelos quais passam os dois fluxos de ar. Dentre os vários tipos de trocadores utilizados nestas máquinas, existem opções que trocam apenas calor sensível entre os fluidos e opções que permitem também a passagem de umidade, que flui do o ar “mais úmido” para o ar “mais seco”. Essa segunda opção permite a remoção simultânea de calor sensível e latente do ar exterior reduzindo significativamente a carga térmica carregada por esse meio. É importante ressaltar, que apesar do sistema permitir a troca de calor e, em alguns casos, de umidade entre os fluxos de ar, ele impede a troca de gases e outros possíveis contaminantes, não prejudicando a qualidade do ar captado. Por esse princípio, a energia consumida para resfriar o ar, que já havia cumprido o seu papel no sistema, é recuperada fazendo o pré-tratamento do ar exterior. Esse processo demanda energia apenas dos ventiladores, um responsável por captar o ar de retorno para a máquina e outro para captar o ar exterior e entregá-lo ao sistema. Considerações de Aplicação Alguns fatores devem ser observados pelo projetista ao adotar esse tipo de sistema: Diferença de temperatura – quanto maior a diferença entre a temperatura do ar exterior e do ar exaurido, maior o fluxo de energia recuperado pelo sistema; Variação da diferença de temperatura no decorrer do ano – Não basta analisar os pontos críticos, é importante entender como a diferença de temperatura se comporta durante o ano para se calcular a economia potencial do sistema; Custo da Energia – O custo unitário da energia na região é determinante para viabilização do sistema; É importante considerar também que, além da redução observada na conta de energia, esse sistema pode reduzir o custo inicial da instalação. Ao reduzir a carga térmica do sistema, os equipamentos de refrigeração também poderão ser reduzidos e sendo de menor capacidade, serão mais baratos. Essa avaliação deve ser feita caso a caso. Estudos de Payback devem ser realizados comparando os custos dos equipamentos, da infraestrutura e da instalação do sistema de recuperação de energia com a economia que ele pode gerar em termos de energia e equipamentos. O ASHRAE-Handbook-2016-HVAC-Systems-and-Equipment Indica que para aplicações de conforto em locais de clima quente e úmidos, como é o caso do Rio de Janeiro, o Payback pode ser inferior a um ano. Já os benefícios vão ser colhidos durante todo o ciclo de vida do sistema. Investir em eficiência energética é uma ação rentável e ao mesmo tempo ecológica. O custo inicial de uma instalação de alta eficiência pode ser mais elevado, mas os benefícios de médio e longo prazo serão compensadores. Eng. Rafael de Melo Felipe A.Salles Engenharia ... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – ELETROFRIGOR8 de julho de 2021Peças de reposição – Qualidade e cuidados necessários na manutenção preventiva e corretiva. A peça de reposição, além do conhecimento técnico, é o elemento mais importante para um projeto de manutenção preventiva ou corretiva. Inegavelmente existem marcas com maior ou menor dificuldade para se encontrar peças de reposição no mercado, e essa situação é percebida pelos técnicos, gerando a desistência pelo atendimento a essas marcas. Existem dois tipos de manutenções que temos que considerar, a preventiva e a corretiva. Ambas são impactadas diretamente pela instalação. Como isso funciona? É quase uma reação em cadeia. Se você investe bastante em uma instalação, terá uma manutenção preventiva bem mais barata e dentro do planejado. Se, além de investir bem numa instalação e também numa manutenção preventiva, a manutenção corretiva será quase nula e, se ocorrer, será muito mais barata. Quando dizemos sobre investir em instalações e manutenções de alta qualidade estamos nos referindo a contratações de profissionais qualificados, de preferência certificados, e também e não menos importante, em suprimentos de marcas reconhecidas no mercado. O ideal? Que as marcas dos suprimentos sejam homologadas ou, pelo menos, reconhecidas pelos fabricantes dos equipamentos. Para finalizar, é bom lembrar que tudo isso ainda não é suficiente se estes suprimentos não estão dentro das especificações técnicas orientadas pelo fabricante, através do manual de instalação. Como o usuário ou contratante dos serviços pode se certificar se todo o trabalho foi executado dentro das boas práticas, dentro dos padrões especificados pelos fabricantes dos equipamentos ou do projeto de engenharia? Por meio do comissionamento, um processo em que o técnico é obrigado a executar todos os testes, registrar de alguma forma documental analógica ou eletronicamente e entregar ao contratante do serviço. Parecem observações triviais, mas todo técnico, engenheiro, chefe de manutenção tem esse conhecimento ou já passou por algum treinamento sobre esses pontos. E na realidade do dia a dia, advinha quem são os maiores responsáveis pelas paradas de equipamentos, alto custo de consumo de energia e mau rendimento das máquinas? A falta de observação sobre pelo menos um dos pontos do parágrafo anterior. Um outro ponto importante na decisão de compra de peças de reposição é sobre a qualidade que envolve, principalmente, os produtos originais e não originais. É impossível trabalhar somente com peças originais, pois não há oferta necessária para a demanda existente no mercado. Considerando esse ponto da qualidade, é muito importante para o responsável pela compra ou definição do material que escolha pontos de venda que sejam revendedores oficiais das marcas ou que tenham transparência sobre a origem dos produtos que vendem. A origem duvidosa de peças de reposição pode acarretar muitos problemas em campo, como aumentar o consumo do sistema, perder a originalidade do equipamento, riscos de quebra e, nos casos de peças elétricas e eletrônicas, até mesmo queima e incêndios. Para o técnico profissional, um retorno em garantia por uso de peças de reposição de origem duvidosa pode sair muito caro, pois aumenta consideravelmente o custo com tempo e deslocamento, além de causar desconfiança da sua imagem perante o contratante do serviço. A falta de uma peça de reposição no mercado é outro grande problema, pois o valor a ser considerado não deve somente ser o da peça em si, mas do equipamento parado. Dependendo do sistema e onde esse equipamento está instalado, o prejuízo pode ser enorme. É muito importante entendermos o que são as peças originais e não originais. Você sabe como são classificadas? Para resumir bastante o assunto, uma peça somente pode ser considerada original quando ela passa pelo controle de qualidade do fabricante do equipamento, recebendo seu código, embalagem, garantia, etc. Sobre as peças não originais, existe a situação em que um fabricante fornece para a montadora do equipamento e também as revende no mercado, diretamente. Podemos considerar estas peças como originais? Definitivamente não. Mas são peças que terão um desempenho conforme especificado pelo fabricante, sem problemas ou diferenças. Como considerações finais sobre o mercado de peças de reposição no Brasil, podemos destacar: – A comercialização das peças de reposição ainda é muito mal trabalhada pela maioria dos fabricantes de máquinas e equipamentos; – A falta de investimento em instalações de alta qualidade e manutenções preventivas é uma cultura que precisa ser mudada e a peça de reposição é parte fundamental deste processo.... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – DATUM1 de julho de 2021SISTEMAS GEOTÉRMICOS APLICADOS AO AR CONDICIONADO E REFRIGERAÇÃO O termo Energia Geotérmica é muito amplo e descreve praticamente todos os sistemas de energia associados ao emprego da “energia natural¨ contida no subsolo terrestre e nos corpos aquáticos (mares, lagos, rios, etc.). Considerando as aplicações específicas dos sistemas de ar condicionado e/ou refrigeração, excluímos uma série de soluções que usam a energia do subsolo, tais como aquelas empregadas para geração de energia elétrica ou térmica de alta temperatura. Como nosso país está localizado longe das grandes falhas geológicas (normalmente situadas nos encontros das placas tectônicas), não temos em nosso território fontes de calor de temperaturas mais altas, características desses locais. Isso não quer dizer que nosso território não tenha falhas geológicas, pois um estudo de 2002 identificou 48 falhas, que eventualmente provocam pequenos tremores. A Figura 1 mostra as placas tectônicas no mundo e na América Latina somente a costa do Pacífico tem uma grande falha geológica. Figura 1 Um caso bem característico da ocorrência de grande energia geotérmica em áreas de falhas geológicas é a Islândia, uma ilha vulcânica localizada no norte do Atlântico, situada sobre a falha divisória das placas norte-americana e da Eurásia (ver Figura 2). Não por acaso, uma das maiores aplicações geotérmicas do mundo é a cidade islandesa de Reykjavik, município com cerca de 200 mil habitantes, que utiliza água quente natural para fornecer aquecimento à prédios e residências desde 1930. Figura 2 Figura 3 A termoelétrica geotérmica Hedlisheydi está a 25 quilômetros de Reykjavik e produz 330 MW (ver Figura 3). GEOTERMIA NO AR CONDICIONADO O termo bomba de calor geotérmica GSHP (Ground Source Heat Pump) é aplicado a uma variedade de sistemas que usam o solo, a água subterrânea ou corpos de água como fonte ou rejeição de calor. Outros termos como GCHP (Ground Coupled Heat Pump), GWHP (Ground Water Heat Pump) e SWHP e (Surface Water Heat Pump) são variantes do termo geral GSHP. Figura 4 Infelizmente as condições do subsolo em nosso país são pouco conhecidas com pouca ou nenhuma informação sobre o solo, no que se refere aos itens importantes dos sistemas GSHP, que necessitam: A temperatura média x profundidade; A composição do solo; A condutividade térmica; O teor de água e profundidade do lençol freático; Existência de rochas. As informações acima são fundamentais para a avaliação técnica e financeira do projeto, sendo que algumas delas podem ser impeditivas, tal como a existência de rochas, o que aumenta em muito os custos de escavação e/ou perfuração. As principais razões pela decisão de realizar um projeto com GSHP basicamente são: Estão em uso no mundo desde a década de 40; Usam a temperatura constante do solo como fonte de calor ou dreno de rejeição de calor, empregando desta forma muito menos energia; Podem tanto servir para resfriar (rejeitando calor para o solo) quanto para aquecer os ambientes – retirando calor do solo (ver Figura 4); Podem gerar água quente doméstica por meio de de superaquecedores na descarga dos compressores; Praticamente não sofrem com variação das estações, operando praticamente com a mesma eficiência ao longo do ano; Embora sejam usualmente mais caras do que outras formas de refrigeração / aquecimento, tem bom índice de retorno no investimento; São simples e confiáveis na operação; São silenciosas e requerem nenhum espaço útil externo, sem o emprego de torres de resfriamento de água ou condensadores externos; Tem consumo de água nulo; Aproximadamente 60.000+ (base 2006) bombas de calor geotérmicas são instaladas nos USA por ano (segundo o DOE), representando 245.000 TR/ano (ver Figura 5), com um total acumulado de mais de 1.000.000 de unidades. Figura 5 Alguns estudos mostraram que a temperatura média do solo brasileiro gira ao redor de 19 a 20ºC, e a Figura 6 mostra um comparativo de energia consumida em um sistema com condensação a ar e um geotérmico. Nesta figura a comparação também se refere, a titulo ilustrativo ao consumo de energia para um bomba d’água operando contra uma diferença de cota dZ, enquanto os sistemas de refrigeração por compressão trabalham contra um diferencial de temperatura dT simplificadamente representado pela diferença entre o meio de rejeição de calor (ar ou solo) e a temperatura de evaporação do refrigerante de 1ºC. Figura 6 A pergunta que fica no ar: se estes sistemas são tão interessantes e econômicos porque não andam no nosso país? As razões são várias, mas prefiro ressaltar duas: A falta de interesse de nosso governo na eficiência energética, pois gastar dinheiro público em novos sistemas de geração centralizada dá muito mais resultado (poder e dinheiro) para os nossos políticos e administradores públicos do que a eficiência energética, que é descentralizada; A cultura da inflação, ainda vigente, não incentiva investimentos de médio à longo prazo. Embora as soluções GSHP sejam muito diversas, com vários tipos de sistemas, indicaremos abaixo apenas algumas das mais aplicadas: LOOP HIDRÁULICO HORIZONTAL A instalação com loop hidráulico fechado horizontal é geralmente mais apropriada do ponto de vista de custo para instalações de pequeno e médio porte, e particularmente para construções onde áreas externas são disponíveis. Requer valas de pelo menos 1,2 m de profundidade (preferivelmente de 3 a 4 metros). Os sistemas mais comuns usam dois tubos de PEAD enrolados conforme mostra a Figura 7, e a serpentina formada é chamada de “Slinky™ Coil“, que pode ser instalada verticalmente ou horizontalmente no terreno. Figura 7 LOOP HIDRÁULICO FECHADO VERTICAL Edificações de médio e grande porte em geral usam sistemas verticais, onde a área de terreno é insuficiente para sistemas horizontais (ver Figura 8). Para sistemas verticais, poços (aproximadamente de 10 a 15 cm de diâmetro) são perfurados com um espaçamento de 2 a 6 m e com 30 a 150 m de profundidade. Nestes poços são colocados dois ou quatro tubos que são conectados no fundo com uma curva em U de modo a formar um loop vertical (Figura 9). Os loops verticais são conectados com coletores horizontais (em valas), que por sua vez são conectados ao sistema do prédio. Figura 8 Figura 9 Este tipo de sistema emprega diretamente a água do subsolo, do mar ou de um lago como o fluido de troca de calor, que é circulada pelo sistema de refrigeração. Uma vez utilizada pelo sistema, a água é devolvida ao solo por outro poço ou descarregada diretamente na superfície do corpo d’água. Esta opção só é possível de ser empregada onde há suficiente água relativamente limpa e de boa qualidade (quanto a corrosão e incrustação) no subsolo. LOOP HIDRÁULICO VERTICAL ABERTO Figura 10 Para os sistemas verticais um dos pontos de maior custo é a perfuração dos poços, que foi muito desenvolvida em termos industriais específicos para os sistema GSHP nos Estados Unidos e em outros países que conseguiram otimizar a produção destes sistemas. No Brasil os custos de perfuração ainda permanecem altos, dificultando a viabilidade econômica desta solução. Figura 11 Ressaltamos a importância na fase de projetos da influência da saturação térmica do terreno, que pode sofrer gradativo aumento de temperatura (no caso de rejeição de calor para o solo) ou gradativa redução de temperatura (remoção de calor). PRECAUÇÕES Embora estimativas simplificadas de sistemas (principalmente em relação as áreas de troca de calor no solo) existam, elas foram empregadas no passado, no inicio das aplicações e alguns casos usando esta técnica acabaram com problemas. Aconselha-se um detalhado cálculo dos requerimentos de acordo com as técnicas mais atualizadas. É também recomendada a análise e simulação do ciclo anual de operação do sistema, que pode ser “renovado termicamente” pela inversão da operação verão / inverno, caso exista. Outras soluções possíveis para a redução da carga térmica no solo são os sistemas híbridos, onde, por exemplo, a rejeição de calor pode ser parcialmente feita por um sistema complementar tal como um resfriador evaporativo em circuito fechado, em serie ou em paralelo com o trocador com o solo. Os sistemas híbridos também são apropriados para nivelar (peak-shaving) da rejeição de calor em condições de carga extrema, resultando em menor investimento e melhor retorno financeiro. Nossa experiência nestes sistemas foi nos seguintes projetos: Hotel Westin Lagunamar (Cancun, México, 2008), de 1600 TR – Sistema vertical de loop aberto somente para resfriamento – que emprega um loop aberto com água do subsolo. Por razões de proteção contra corrosão, o sistema de água do subsolo tem sua operação limitada aos dois poços (tomada e descarga de água no terreno, ambos a 40 metros de profundidade), bombas especiais, tubulações diâmetro 12 polegadas em PVC industrial e aos trocadores de calor de placas em titânio. A água do subsolo (ao redor de 19ºC) resfria a água de condensação que opera em circuito fechado. Casa em Teresópolis RJ, em 2001 (com sistema horizontal de loop fechado – Slinky Coil, com um chiller a água de 15 TR com 2 compressores scroll de 7,5 TR cada. Este chiller possui um desuperaquecedor (para produção de água quente sanitária a 50 graus C), operação em ciclo de resfriamento ou de aquecimento, reversão de operação (verão / inverno) por meio de troca hidráulica do circuito de água gelada e de condensação. Este sistema opera com elevada eficiência tanto para resfriamento quanto para aquecimento, tendo o aquecimento ambiental feito por piso radiante, com total ausência de ruído, e consumo de água nulo. Edison Tito Guimarães Diretor Técnico – DATUM Consultoria e Projetos... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – RECIGASES24 de junho de 2021Fluido refrigerante não gasta, não acaba e não fica velho. O fluido refrigerante não é consumido e não sofre desgaste ao cumprir o seu papel de “Uber” da carga térmica. Ele é apenas a substância que evapora e condensa dentro do equipamento de refrigeração promovendo a troca de temperatura. Se pensarmos no corpo humano, por exemplo, o refrigerante não assumiria o lugar combustível da comida, e sim o lugar de controle da temperatura do sangue. Os refrigerantes não gastam porque são produtos muito estáveis. Isto é, os átomos são feitos para não se separarem dentro das condições de funcionamento dos sistemas nos quais são utilizados. A composição dos fluidos refrigerantes da família dos halogenados é a combinação de átomos de Carbono, Flúor, Cloro e Hidrogênio, por isso, CFC’S, HCFC’S, HFC’S, etc.. Estes átomos depois de combinados em quantidades diferentes, formam os diversos refrigerantes que conhecemos: Exemplos: CCl3F (R-11), CCl2F2 (R-12), CHClF2 (R-22), C2H2F4 (R-134a) No entanto, temperaturas críticas podem desestabilizar sua estrutura. Dessa forma, é seguro dizer que dentro dos equipamentos de refrigeração o cenário mais provável para danificar o refrigerante por alta temperatura seria a queima do compressor. Vale ressaltar que mesmo nesse caso, é possível regenerar o refrigerante para que ele volte ao seu estado de novo, isto é, dentro das normas AHRI/700. Quando gases refrigerantes são retirados de compressores queimados, pode haver substâncias ácidas no fluido formadas pela decomposição da parte do refrigerante que sofreu alta temperatura. Nesse caso, a regeneração se torna obrigatória, já que esse ácido vai impedir que o refrigerante cumpra o seu papel, vai corroer o sistema e criar vazamentos que vão prejudicar o funcionamento do seu equipamento e gerar altos custos de manutenção. Regenerar fluidos refrigerantes contaminados faz bem para o seu bolso, para a economia do país, para o equipamento de refrigeração e para o meio ambiente. Não jogue refrigerantes fora, descarte corretamente. Filipe Colaço CEO RECIGASES... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – SICFLUX17 de junho de 2021Impactos da Pandemia de COVID-19 sobre Sistemas de Ar Condicionado e Climatização 1.RESUMO Em Wuhan, capital da província de Hubei, na China, no final de 2019, foi detectado um surto de síndrome respiratória aguda grave, com alta transmissibilidade . Uma nova linhagem viral de coronavírus, denominado SARS-CoV-2 (Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2), responsável pela doença denominada COVID-19, foi identificada através de técnicas laboratoriais. Estudos recentes têm demonstrado que a transmissão do vírus SARS-CoV-2 ocorre de forma rápida entre seres humanos, por permanecer viável em aerossol por horas e em superfícies, por dias . Em função da presença desta nova doença respiratória, com indícios de transmissão pelo ar, ambientes climatizados que não possuem sistema de adequado de renovação e tratamento de ar tornam-se fatores de riscos, podendo contribuir para o aumento na transmissão desta doença , . 2. ESTADO ATUAL DOS AMBIENTES CLIMATIZADOS O aumento na renda média das famílias brasileiras proporcionou importantes mudanças no cotidiano e, dentre as demandas por conforto, observou-se um aumento na presença de sistemas de climatização nas residências . Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, então pertencente ao Ministério de Minas e Energia, entre 2005 e 2017, o consumo de energia no setor residencial triplicou, isto devido a condicionadores de ar , indicando a magnitude da transformação. Apesar desse levantamento ter focado no setor residencial, esta expansão também ocorreu em outros setores. Gradualmente o padrão construtivo tem sofrido alterações, de modo que a climatização dos ambientes tem se deslocado do patamar de elemento opcional para elemento essencial (principalmente em cidades de clima quente). Os códigos de obras locais têm sido elementos que contribuem para assegurar um mínimo de controle nos espaços com climatização, exigindo a presença de janelas e outros elementos visando a ventilação adequada, mas nem sempre são suficientes ou efetivos para garantir condições sanitárias adequadas – . Apesar de inadequados, ambientes climatizados sem renovação de ar suficiente estão normalizados socialmente, resultando em espaços que foram concebidos com a instalação de climatização para compensar todos os outros elementos de ventilação. Resultando em ambientes sem janelas, salas com janelas blindadas, compartimentalização por divisórias que isolam as fontes de ar externo, dentre outros diversos exemplos do cotidiano. No entanto, a conjuntura atual demanda uma revisão do que é aceitável, pois convive-se atualmente com uma pandemia de uma doença respiratória grave, com fortes indícios de transmissão aérea e não somente por contato, como imaginava-se originalmente. Sendo assim, ambientes climatizados que não possuem condição adequada de renovação e/ou tratamento de ar são fator de risco adicional de transmissão desse tipo de doença – 3. INFLUÊNCIA DA RENOVAÇÃO DE AR SOBRE OS SISTEMAS JÁ INSTALADOS A renovação de ar é um importante parâmetro e precisa ser considerado em projetos de climatização, e tem como intuito garantir a qualidade do ar interior, se fazendo presente em diversas regulamentações em todo o mundo, e no Brasil é normatizado pela NBR 16401-3 . Em muitos casos as instalações de ar-condicionado contam apenas com a renovação de ar através de infiltração por frestas de portas, janelas, pela entrada e saída de pessoas. Apesar do público em geral tratar qualquer entrada de ar exterior como algo a ser combatido em ambientes climatizados, com eventuais comportamentos enérgicos em busca desse objetivo (como selamento de janelas e portas), a entrada de ar na verdade trata-se de um elemento essencial para a manutenção da salubridade de ambientes confinados . Os projetos de sistemas de ar-condicionado que consideram renovação mecânica de ar utilizam equipamentos que insuflam o ar exterior de acordo com as condições de projeto. As figuras 1 e 2 abaixo apresentam dois exemplos dos processos descritos. A renovação mecânica está mais presente em ambientes dotados de sistema de climatização central ou em instalações do tipo que seguem normatização mais rigorosa, como hospitais ou laboratórios. Quando o ambiente é dotado de ar condicionado do tipo split ou mesmo modelos de janela, é incomum haver equipamentos adicionais como gabinetes de ventilação ou exaustores/insufladores de ar. É importante esclarecer que é possível a instalação de equipamentos de renovação em ambientes que não os possuem atualmente, mas existem algumas ressalvas que devem ser feitas. Figura 1: Em primeiro plano na imagem é possível identificar um sistema de renovação mecânica utilizando gabinete de ventilação Figura 2: Sala de aula com equipamento de ar condicionado do tipo split (ou ductless) sem renovação mecânica Considerando a adaptação de ambientes para que passe a contar com renovação mecânica de ar, é preciso avaliar o impacto da troca do ar interior pelo ar exterior (que está a uma temperatura mais alta) e se os equipamentos atuais suportarão o consequente incremento da carga térmica, isto é, a quantidade de calor que precisará ser extraída do ambiente para atingir a temperatura e umidade esperadas. Como os cálculos de carga térmica são realizados buscando designar os equipamentos de ar condicionado de acordo com a real necessidade dos ambientes, o processo de cálculo, conforme preconiza a NBR 16401-1 , considera as cargas máximas simultâneas de cada unidade de tratamento de ar e do conjunto do sistema, bem como as épocas de suas respectivas ocorrências. Nas metodologias de cálculo, busca-se fazer um levantamento criterioso para tornar o sistema eficiente e econômico, não é comum haver excedente de capacidade de refrigeração se não houver justificativa. Como os sistemas já instalados foram dimensionados em um contexto diferente do atual, se os mesmos não possuíam previamente a necessidade de lidar com renovação constante do ar ambiente, podem não estar preparados para uma nova fonte de calor dessa magnitude. Para atingir os parâmetros desejados os equipamentos empregam a contínua recirculação do ar que fica confinado no ambiente por seu trocador de calor . A cada vez que o ciclo se repete, o ar do ambiente torna-se um pouco mais frio e viabiliza uma nova redução de temperatura na próxima passagem do ar pelo interior do equipamento. Um equipamento split convencional de 15.000 Kcal/h é projetado para recircular completamente o ar de uma sala de 60 m² e pé direito de 3 m por até 13 vezes . Durante todo o processo as fontes de calor (insolação, pessoas, iluminação, equipamentos, ar externo) continuam contribuindo para o aumento da temperatura interna do ambiente. Portanto, o projeto dos sistemas de climatização dimensiona o equipamento para ter capacidade de refrigeração suficiente para vencer essa fase transiente em um tempo aceitável para a aplicação (fase inicial em que a temperatura diminui gradualmente) e ser capaz de manter o regime estacionário (no qual a temperatura se estabiliza) ao longo do tempo. A inserção de ar externo com a frequência requerida na conjuntura atual de risco alto de contaminação pelo vírus SARS-CoV-2, que é o equivalente à troca por completo do ar ambiente várias vezes por hora, tem potencial para aumentar a carga térmica do ambiente a um patamar maior do que os projetos originais de climatização comportam, pois isso interrompe os diversos ciclos responsáveis pela redução da temperatura e reinicia o processo do zero. A título de ilustração, um ambiente de 60m² com pé direito de 3m teria um acréscimo de aproximadamente 8.316,0 Kcal/h em sua carga térmica caso realizasse 5 trocas de ar (considerando ar interno a 23ºC e 40% de umidade relativa e ar externo a 30ºC e 65% U.R). A figura 3 apresenta o resultado de uma gama de simulações. Considerando que este incremento se soma à carga térmica derivada das outras fontes já citadas (pessoas, equipamentos, iluminação, insolação, etc.) e que os equipamentos previamente instalados não tenham excedente de capacidade de refrigeração, torna-se pouco provável que as condições de conforto térmico desejadas sejam alcançadas caso ocorra a renovação do ar diversas vezes por hora. Neste particular cabe ressaltar que ambientes com temperatura 1 ou 2°C acima do valor mais tradicional não irá provocar desconforto na maioria das pessoas, A carta psicométrica de conforto fornece uma boa ideia do assunto. Figura 3:Carta psicométrica de conforto Como os espaços simplesmente não foram pensados para a atual realidade de enfrentamento de uma pandemia de doença respiratória aguda grave com fortes indícios de transmissão aérea, é preciso assegurar que há potência suficiente para alcançar os mesmos parâmetros. Desde a deflagração da pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2, uma das frentes de contenção na propagação viral buscou compreender os mecanismos de transmissão da COVID-19. Dbouk e Drikakis (2020a) observaram que gotículas de saliva de humanos contaminados percorrem distâncias consideráveis (2 a 6 metros), dependendo das condições ambientais, o que torna necessário o distanciamento social e a utilização de equipamento de proteção individual . Um dos estudos relacionados com maior repercussão até o momento, e significativa cobertura na mídia brasileira –, relata o rastreamento de três famílias contaminadas por um único indivíduo através do sistema de ar condicionado de um restaurante . Ao analisar os elementos em comum entre os indivíduos contaminados constatou-se que as mesas das três famílias se encontravam alinhadas com a mesma unidade evaporadora do sistema de ar-condicionado, conforme a figura 4, portanto, todas recebiam a projeção do mesmo fluxo de ar. Não houve identificação de qualquer contato físico entre os contaminados ou compartilhamento de objetos, conflitando com a forma de contágio conhecida até então, que se dá através de gotículas de saliva. Tampouco outro indivíduo presente no restaurante na mesma ocasião, clientes ou funcionários, se contaminou Figura 4: Representação esquemática da posição dos clientes do restaurante contaminados, das unidades de ar-condicionado e do fluxo de ar. Figura 4ª As pessoas em vermelho representam os indivíduos contaminados durante a exposição e a marcação em amarelo o único indivíduo com indicativo de contaminação previamente ao ocorrido Lu e colaboradores concluíram a transmissão do vírus neste caso não pode ser explicado apenas pelas vias do contato (não houve interação entre os indivíduos) ou gotículas maiores de saliva devido às distâncias entre as mesas (partículas maiores que 5μm permanecem no ar pouco tempo e não alcançam distâncias maiores que 1m facilmente) . A conclusão do estudo foi de que gotículas aerossóis (abaixo de 5μm) que são capazes de permanecer por longos períodos suspensas no ar e alcançar longas distâncias foram propagadas pelo ar condicionado para as outras mesas , assim como suspeita-se que tenha ocorrido durante as epidemias de SARS e MERS , –. Para melhor compreender como é possível que a hipótese de transmissão por aerossol seja uma explicação minimamente viável, sem que tenha ocorrido a disseminação para outros indivíduos presentes no restaurante, é importante esclarecer como ocorre a movimentação de correntes de ar. A movimentação do ar é influenciada por uma série de fatores, podendo facilmente assumir padrões com baixa troca em regiões vizinhas, como se houvesse compartimentos delimitados por barreiras invisíveis, nem sempre as correntes se misturam. Desta forma é possível que mesmo num ambiente fechado haja concentração desigual de contaminantes na área e este é o caso levantado no artigo – O estudo presume que as pessoas sofreram exposições a diferentes concentrações de ar contaminado devido às correntes de ar, justificando a contaminação somente dos indivíduos das mesas A, B e C da figura 4 e não de todos os presentes no ambiente . Com o auxílio visual proveniente de análises de fluidodinâmica computacional (CFD) tais comportamentos de dispersão heterogênea do ar tornam-se mais facilmente compreendidos. Tan e colaboradores realizaram uma simulação para planejamento de disposição de equipamentos de ar-condicionado, em que foi possível perceber as linhas de fluxo do ar bastante concentradas somente em uma região do ambiente . O resultado da análise computacional pode ser visto na figura 5, e ajuda a compreender a hipótese descrita por Lu e seus colaboradores . A hipótese de que é possível a transmissão de SARS-CoV-2 por aerossol tem um desdobramento alarmante, pois diferente das gotículas de saliva carregadas de vírus que sofrem forte ação da gravidade e decaem imediatamente sem atingir distâncias maiores que poucos metros os aerossóis permanecem diversas horas em suspensão no ar, alcançam grandes distâncias através das correntes de ar. Além disso são leves o bastante para ser aspirados pelos sistemas de ar condicionado e ao mesmo pequenos o suficiente para atravessar qualquer filtro de ar condicionado convencional . Figura 5: Linhas de fluxo ilustrando como a distribuição do ar recirculado pelas unidades de ar-condicionado tende a se concentrar em regiões em detrimento de um espalhamento abrangente O Quadro 1 possui uma relação dos filtros determinados pela NBR 16401 para diversas aplicações, demonstrando a permeabilidade desses filtros para partículas da faixa dimensional do aerossol . Quadro 1: Nível de filtragem para diversas aplicações, destacando que equipamentos residenciais e para escritórios possuem filtros incapazes de reter partículas de aerossol Doremalen e colaboradores concluíram que o SARS-CoV-2 permanece viável no ambiente na forma de aerossol por no mínimo 3 horas (que foi a duração do experimento) com pouca redução do título durante esse período . Apesar de se tratar de condições experimentais e de não se ter até o momento uma referência consolidada da concentração de SARS-CoV-2 em suspensão necessária para viabilizar uma contaminação, os indícios merecem atenção. Sobretudo por síndromes respiratórias anteriores causadas por outros coronavírus (SARS-CoV e MERS-Cov) terem também fortes indícios de transmissão por via aérea – por isso considera-se que o SARS- CoV-2 também o seja. 4. POSSÍVEIS SOLUÇÕES Isso transforma qualquer ambiente confinado em propício à contaminação coletiva por SARS- CoV-2, pois um único indivíduo contaminado terá as emissões respiratórias disseminadas para todos os indivíduos do mesmo ambiente. Na presença de climatização isso se agrava porque as correntes de ar são mais intensas, acelerando o espalhamento , , . Outro estudo, Doremalen e colaboradores, se debruçou sobre a questão para compreender por quanto tempo o SARS-CoV-2 permanece viável no ambiente em diversas condições, dentre elas em suspensão no ar na forma de aerossol , conforme a figura 6. Figura 6: Decaimento do título de SARS-CoV-2 viável no ar ao longo de 3 horas O ineditismo e dinamismo da situação atual ainda não permitiram a existência de soluções exaustivamente validadas para a adequação de espaços de uso coletivo climatizados. Portanto, é necessária a construção das soluções considerando o conjunto de características específicas de cada cenário. Serão apresentadas uma série de opções conhecidas atualmente, com diferentes graus de custo, facilidade de implementação e robustez, para que se possa escolher de forma analítica e consciente qual a melhor abordagem para cada caso concreto, diante do conjunto de pontos positivos e negativos de cada uma delas. 4.1. UTILIZAÇÃO DE MÁSCARAS DE PROTEÇÃO POR TODOS OS USUÁRIOS DO ESPAÇOS Este método de adequação se encontra alinhado com a recomendação atual de órgãos de saúde. Por isso, tem como vantagens o fato de já estar sendo adotada massivamente, ser de baixo custo, possibilidade de implementação imediata e sem qualquer necessidade de intervenção na infraestrutura dos ambientes . Seu mais relevante ponto negativo é a incerteza do grau de segurança provido aos usuários ao manter os ambientes fechados, pois ao implantar essa medida assume-se o risco da existência de ambientes saturados de partículas contaminadas e a única proteção dos usuários serão suas máscaras. Em um ambiente fechado com recirculação do ar (como nos ambientes com ar-condicionado), as partículas respiratórias, incluindo as partículas contaminantes, podem ter sua concentração elevada a níveis de maior risco aos usuários com máscaras caseiras , . A figura 7 apresenta uma simulação computacional da dispersão do aerossol em um ambiente fechado, decorridos aproximadamente 20 minutos . Figura 7: Dispersão de aerossóis em ambiente fechado após 20 minutos Como a transmissão do SARS-CoV-2 por via aérea ainda está sendo estudada, não se tem definido qual a concentração de partículas contaminadas suspensas no ar é suficiente para gerar uma infecção viável, tornando difícil estabelecer o grau de risco de ambientes confinados. Soma-se a isso a variabilidade da capacidade de retenção das máscaras caseiras às partículas na faixa dimensional do aerossol. Para melhor conhecer o grau de segurança da utilização de máscaras não profissionais, Konda e colaboradores (2020) analisaram o desempenho de máscaras caseiras quando comparadas à máscara profissional de referência para estes casos, a N95 (denominada PFF2 no Brasil). As análises foram feitas considerando somente a faixa dimensional do aerossol (adotado como < 6 μm neste estudo) dividido em duas categorias: 1: < 300 nm; 2: 300 nm até 6 μm. Os resultados apresentados no quadro 2, produzidos sob condições controladas, indicam excelentes resultados de certas combinações de tecido e um alerta preocupante sobre o quanto o bom ajuste da máscara interfere na eficiência de filtragem . Quadro 2: Eficiência média de filtragem de máscaras com diversos tipos de material com partículas até 300 nm e entre 300 nm e 6 μm com sua respectiva perda de carga a uma vazão de 1.2 CFM (~34 litros/min) Konda e colaboradores concluíram que o desempenho de certos tecidos, individualmente e em combinações, podem ser comparáveis à N95. Dentre as combinações com tecidos mais facilmente encontrados no mercado nacional temos algodão + chiffon e algodão + flanela sobrepostos. A perda de carga/diferencial de pressão, que pode ser compreendido como resistência à passagem de ar nos tecidos, em ambos os casos foi superior à N95 ou a máscaras cirúrgicas, oscilando entre 0.5 a 0.8 Pascal de diferença observada . Apesar de ser necessário um teste em condições reais para aferir elementos subjetivos, como o desconforto dos usuários ao se deparar com uma maior dificuldade de se respirar, a mera possibilidade de alcançar o mesmo desempenho da N95 com materiais de amplo acesso é formidável. De acordo com Konda e colaboradores, o bom desempenho de tecidos porosos se deve à combinação de diferentes mecanismos de filtragem e no aproveitamento bem direcionado deles. A primeira camada realiza a filtragem mecânica, mais adequada às partículas de maior volume, enquanto a segunda consegue filtrar partículas menores sem ter um tecido de trama demasiadamente obstrutiva através de filtragem eletrostática. Partículas diminutas, como é o caso da faixa abaixo de 300nm, possuem tão pouca massa que sua movimentação sofre influência de sua carga elétrica e por isso aderem a tecidos ionizáveis (como é o caso dos tecidos mais bem sucedidos na segunda camada). A figura 8 ilustra a combinação dos mecanismos de filtragem . Figura 8: Montagem de máscaras com camadas para filtragem mecânica e eletrostática Para mensurar o impacto do ajuste da máscara sobre o usuário, Konda e colaboradores verificaram o quanto um orifício correspondendo a 0.5 a 2% da área superficial alteraria no desempenho de filtragem. Mesmo utilizando a N95, uma pequena falha na vedação é determinante para a perda de segurança do usuário, derrubando a eficiência de filtragem para níveis muito baixos. Apesar de não haver testes equivalentes para todas as combinações, o resultado da pequena falha de vedação na combinação algodão + seda segue a mesma tendência observada na N95. Sendo assim, os autores concluíram que independentemente do tipo de máscara utilizada, erros de utilização comprometem severamente a função de filtragem de aerossol. A figura 9, um exemplar de peça educativa dentre muitas que têm feito parte do cotidiano, elenca erros comuns na utilização das máscaras . precisa ser acompanhada de monitoramento dos usuários. Sem isso, permitirá que o cometimento de qualquer um dos erros elencados na figura 9 viabilize a disseminação de partículas contaminadas por indivíduos em ambientes fechados e a aspiração por indivíduos saudáveis. Figura 9: Erros mais comuns na hora de utilizar máscaras Dbouk e Drikakis observaram computacionalmente o fluxo das partículas proveniente da tosse e a utilização de uma máscara facial confeccionada com fibras porosas e permeável ao ar. A partir dos experimentos observaram que as gotículas dispersam por cerca de 70 cm, sem a proteção da máscara. Utilizando a máscara, esta distância pode diminuir para a metade, porém, em alguns casos pode alcançar os mesmos 70 cm, mostrando que a eficiência de filtragem não é constante, isto é, dependente de diferentes fatores. Os autores também observaram que o perfeito ajuste da máscara ao rosto, influencia diretamente na eficiência da proteção, ou seja, pequenas aberturas podem acarretar vazamentos de uma maior quantidade de gotículas na tosse. Neste trabalho chegou-se a conclusão de que a máscara não fornece prevenção completa contra a transmissão de gotículas de tosse, sendo necessária a completa utilização equipamentos de EPI, como máscaras com filtro embutido, face shield, traje descartável e um conjunto duplo de luvas . Há que se considerar que enquanto a utilização de máscaras de proteção por todos os usuários dos espaços tem pontos favoráveis, como a facilidade de implantação, os usuários que, por imperícia ou negligência, não utilizarem corretamente suas máscaras (qualquer que seja o tipo de máscara) poderão comprometer significativamente o resultado. Portanto, a manutenção da infraestrutura de ambientes climatizados, sem modificar a forma de uso dos equipamentos ou os equipamentos em si, contando com o uso de máscaras, 4.2. CONTRATAR SERVIÇO DE SIMULAÇÃO FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL PARA ESTRUTURAR A ABORDAGEM ADEQUADA PARA CADA AMBIENTE Como há diferentes ambientes, com pluralidade de condições demandando adequações, uma medida que pode ser adotada para viabilizar uma intervenção precisa em cada um deles, é a simulação computacional. As análises de fluidodinâmica computacional (CFD) têm sido empregadas de forma cada vez mais difundida, em diversos campos, porque viabilizam o refinamento de concepções diferentes de solução, análises complexas, antecipação da fadiga sobre sistemas e tudo isso sem os custos da experimentação. O CFD torna possível estimar de forma bastante robusta o comportamento de diferentes sistemas de ventilação, como os contaminantes se distribuem em ambientes e condições diferentes, a distribuição de temperaturas, etc , , , . O Hospital Leishenshan, um hospital de campanha construído em pouquíssimo tempo na China, para atender à demanda gerada pela COVID-19, é um exemplo de aplicação das tecnologias de simulação . Para minimizar os riscos de contaminação foram feitos testes com diferentes layouts do sistema de ventilação (Figura 10). Figura 10: Testes de design do sistema de ventilação do Hospital Leishenshan visando a menor dispersão de contaminantes A opção de validação de soluções em ambiente computacional é certamente mais rápida e seguro, do que o equivalente feito de forma física. O custo deste serviço (custo de softwares e capacitação ou o de contratação de empresa especializada) torna-se pouco ou muito representativo de acordo a magnitude das intervenções que serão feitas. A vantagem dessa opção se torna maior conforme aumenta a escala do projeto. Porém, o inverso também é válido, e em projetos pequenos, o investimento financeiro em simulação pode ultrapassar o valor das intervenções físicas. Em síntese, a simulação computacional permite intervenções precisas e por esse motivo já é bastante utilizada em diversos campos, porém, não é uma solução em si . Trata-se de um subsídio para tomada de decisão, podendo impactar na qualidade da solução e na redução de custos na implementação. Apesar de não ser um elemento tangível possui um custo elevado por ser um serviço altamente especializado que precisa ser analisado pois pode impactar na viabilidade de seu uso. 4.3. INJEÇÃO DE AR EXTERNO FILTRADO INDIVIDUAL ATRAVÉS DE CAIXAS DE VENTILAÇÃO. Um recurso para diminuir a concentração de partículas no ambiente condicionado é pela injeção de ar externo filtrado diluindo a carga viral do ambiente. A ABNT-NBR 16401-3 que vai a consulta nacional em 2021, no anexo E fornece procedimentos de cálculo para alcançar a concentração de partículas desejada considerando o ar externo, a geração de partículas interna e as classes de filtros disponíveis, inclusive já existe software que faz este cálculo de acordo com este procedimento. Um vírus não fica em suspensão no ar a menos que esteja aderido a uma partícula de aerossol ou pó e são estas que devemos controlar através de filtragem e diluição. A injeção de ar externo filtrado pode ser individual no ambiente: Figura 15:Equipamento de injeção de ar externo individual-Externo Figura 16:Equipamento de injeção de ar externo individual-Ambiente 4.4. SISTEMAS DE AR CONDICIONADO CENTRAL COM RENOVAÇÃO E FILTRAGEM DE AR RECIRCULANTE Os sistemas de climatização hospitalares e de outros ramos que demandam controle refinado da qualidade do ar, como laboratórios de certificação e indústria de precisão, já lidam com a necessidade de tratar o ar recirculante. Nestes casos é comum que sejam adotados sistemas centrais de ar-condicionado. Em sistemas centrais o ar resfriado é distribuído através de dutos para os ambientes (existem exceções, mas não serão discutidas aqui) e o ar com contaminante é tratado antes de recircular . Nestes sistemas também é possível descartar o ar recirculante é integralmente, trabalhando sempre com ar renovado. Figura 17:Equipamento de injeção de ar externo central Atualmente somente sistemas centrais tem condição de acoplamento aos filtros denominados HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance) que são adequados para retenção de partículas virais . Estes sistemas de ar-condicionado são adotados geralmente em faixas de potência superiores, onde o ganho em escala se mostra maior e o elevado investimento inicial se dilui pela quantidade de ambientes atendidos ou pelas funcionalidades oferecidas (como o tratamento do ar recirculante). É importante discutir os valores dessa opção, no entanto, não há uma métrica estabelecida em relação ao custo padrão deste tipo de sistema porque cada projeto é único devido à necessidade de se adequar à finalidade do sistema, à infraestrutura pré-existente no caso de imóveis já construídos e à tríade orçamento-qualidade-prazo. 4. 5 SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO DE CALOR. A admissão de ar externo implica na introdução de carga termica pois normalmente o ar externo tem uma temperatura superior ao ambiente condicionado. Para recuperar parte deste calor podemos recorrer a um recuperador de calor conforme a figura 18. Figura 18:Recuperador de calor CRS Neste dispositivo o ar frio exaurido resfria o ar externo que entra sem contado ou contaminação entre ambos conforme figura 19, com uma eficiência em torno de 68% na recuperação de calor. Figura 19:Recuperador de calor CRS Na figura 20 podemos ver o fluxo do ar externo em relação ao ar de exaustão e este sistema pode ser utilizado tanto para resfriar ou aquecer o ar externo dependendo da estação do ano. Figura 20:Recuperador de calor CRS 5. CONCLUSÃO A pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 e seus recentes indícios de transmissão do vírus por via aérea trouxeram a necessidade de revisão de práticas e infraestrutura de climatização. Este texto buscou elencar os principais pontos para embasar a discussão dos problemas e possíveis soluções. No entanto, ele não é exaustivo, novas informações podem mudar drasticamente todo o panorama. Dentre as opções apresentadas a escolha deve ser precedida de uma análise conjuntural para determinar seu grau de viabilidade. Lamentavelmente, enquanto não houver vacina e tratamentos eficazes para a COVID-19, não há possibilidade de regressar a antigos padrões, sem incorrer em riscos sérios à saúde pública porem com os cuidados apontados é possível minimizar os riscos de contagio não só do COVID-19 como de todas as doenças transmissíveis pelo ar ou contato direto. REFERÊNCIAS J. F.-W. Chan et al., “A familial cluster of pneumonia associated with the 2019 novel coronavirus indicating person-to- person transmission: a study of a family cluster”, The Lancet, vol. 395, no 10223, p. 514–523, fev. 2020, doi: 10.1016/S0140-6736(20)30154-9. G. Kampf, D. Todt, S. Pfaender, e E. 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Alguns clientes questionam o mesmo que nós mesmos: Como devemos efetivamente planejar, comunicar e executar novos protocolos para atender as recomendações governamentais de saúde para todos os escritórios e empregados enquanto estamos todos experimentando diferentes estágios da pandemia em locações distintas. Passo 1: Estabelecer sua equipe Estabeleça uma força de trabalho de retorno. Ao estabelecer sua equipe considere a criação de uma força-tarefa multidisciplinar. Como membros, inclua arquitetos, recursos humanos, marketing, segurança e gerência. Essa força-tarefa será responsável pelo desenvolvimento de uma abordagem específica para a reocupação do ambiente de trabalho e divulgá-la dentro da sua empresa. Criar uma matriz de funções e responsabilidades ajudará a identificar os membros da sua “equipe de retorno” e delinear responsabilidades individuais. Passo 2: Verifique as recomendações governamentais Adote as recomendações governamentais aplicáveis. Elas podem ser encontradas nos níveis federal, estadual e municipal e variam de acordo com a localização. Essas recomendações mudam frequentemente, o que é esperado enquanto durar a epidemia de corona vírus. Aloque um recurso interno para manter uma base de dados atualizada com as recomendações governamentais para reabertura. Quando estiver pronto para começar a preparação para reabertura do seu escritório agende uma reunião para revisar as atualizações mais recentes. Passo 3: Treinamento de Supervisores Fazer seus funcionários se sentirem confortáveis ao iniciar a reabertura do ambiente de trabalho deve ser uma prioridade durante essa pandemia. Essa situação cria diferentes desafios pessoais para seus funcionários. O retorno ao ambiente de trabalho exige efetivamente forte liderança, colaboração e engajamento de todos. Utilize seu departamento de RH para proporcionar informação e treinamento para os supervisores seguirem de forma a poderem dar suporte aos funcionários durante a transição de volta ao escritório. Passo 4: Estabeleça uma estação de saúde Avalie transformar suas áreas de recepção em estações de saúde. É por elas que seus funcionários deverão entrar, sair, fazer uma completa checagem de saúde, tomar conhecimento das recomendações de utilização dos escritórios com segurança e também por onde serão recebidos suprimentos e correspondência. A utilização de uma estação de saúde é um upgrade necessário para a garantia da manutenção dos controles de segurança e rastreamento de contato. Os primeiros dias de reabertura dos escritórios pode ser estressante para alguns funcionários. A existência de um procedimento claro pode ajudá-los a se sentirem confortáveis e confiantes. Passo 5: Planeje seus espaços Para a utilização dos layouts e mobília existentes em obediência às reduções de ocupação, áreas de circulação, e localização de postos de trabalho podem ser modificadas para acomodação das recomendações de distanciamento físico. Reduções de Ocupação: Reúna informações a respeito das necessidades atuais do escritório e redução de ocupação baseada nas recomendações. Crie gráficos para permitir uma fácil visualização da atual capacidade do escritório em comparação com a redução de ocupação preconizada pelas recomendações governamentais. Identificação de Circulação: Estabeleça o fluxo de pessoal e compare a circulação de mão dupla contra a circulação de sentido único. Adote circulação no sentido horário sempre que possível. Localização das estações de trabalho: Aplique um padrão de tabuleiro de damas para as estações de trabalho e coordene com os supervisores para implementação de um padrão de alternância de forma a garantir o distanciamento físico dos empregados enquanto sentados em suas estações. Aplique sinalização visual: Crie sinalização visual para indicar o caminho de mão única, pontos de parada em pé com o distanciamento e sinalização nas mesas mostrando o padrão de alternância definido. Passo 6: Limpe seu espaço Dentro do que sabemos sobre esse vírus, limpeza precisa ser prioridade das organizações durante esse processo. Mesmo que muitas organizações mantenham bons serviços de limpeza, todos nós temos agora responsabilidade individual por manter os escritórios, espaços e equipamentos comuns limpos. Determine que superfícies precisam ser limpas e com que frequência. Estabeleça uma lista de materiais de limpeza para atender as necessidades do novo nível de asseio em cada escritório. Mantenha um registro de limpeza a ser diariamente atualizado. Relacione quais itens podem ser removidos completamente de forma a reduzir manuseio frequente ou contato. Estabeleça permissão de compartilhamento de equipamentos para a primeira fase e como deverão ser adequadamente higienizados após cada utilização. Passo 7: Coordenação com o Locador Muitos escritórios são localizados em prédio comercial de múltiplas empresas. Esses ambientes profissionais incluem elevadores, escadas, academias, cafés e até sistemas de utilidades compartilhados com outros locatários. Os funcionários de todas essas firmas se encontram durante o período de um dia normal de trabalho. Locadores e suas equipes de gestão dos imóveis são parceiros críticos na manutenção de espaços de trabalho seguros e limpos. Elabore um questionário para consolidar informações – chave sobre a posição de cada locador para a pandemia de coronavírus. O questionário deve cobrir tópicos como locatários e visitantes, circulação de pessoas, zeladoria e manutenção, sistemas de utilidades e planos de emergência. Com o início do retorno aos locais de trabalho, esperamos que o compartilhamento dessas ideias possa ajudar a garantir a segurança dos trabalhadores em qualquer lugar. Recomendações são abundantes, mas cada espaço de trabalho é diferente. Inicie seguindo esses passos, para pôr em prática soluções adequadas para a sua reabertura. Adaptado do Consulting-Specifying Engineer Magazine.... ARTIGO TÉCNICO DO ASSOCIADO – A.SALLES ENGENHARIA3 de junho de 2021Conforto térmico – Interação entre corpos e ambiente Quando nós, na condição de usuários comuns, ligamos um aparelho de ar condicionado, na ampla maioria dos casos, desejamos superar uma condição de desconforto, seja de calor ou de frio. Em outras palavras estamos em busca do conforto térmico. Para introduzir esse artigo, gostaria de comentar um pouco sobre os mecanismos biológicos que promovem essas sensações. Como é de conhecimento geral, a temperatura natural do corpo humano varia entorno de 36ºC a 37ºC. O nosso organismo é uma fonte constante de calor e para manter a temperatura adequada precisa liberar parte dessa energia para o ambiente. Estudos demonstram que, com temperaturas internas abaixo de 30ºC ou a cima de 42ºC o corpo humano entra em um elevado risco de colapso. As sensações de calor e frio são consequência do fluxo de troca de calor entre o corpo humano e o ambiente. Como explica a lei de balanço de energia, o calor flui constantemente do corpo quente para o corpo frio. Nossos corpos, em diferentes situações, podem fazer tanto o papel de corpo quente, quando perdemos energia térmica para o ambiente, quanto de corpo frio, quando absorvemos calor do ambiente. Quando perdemos mais calor para do que geramos, nossa temperatura cai e sentimos frio. Quando não conseguimos dissipar energia suficiente, nosso copo aquece e sentimos calor. Quanto maior a diferença de temperatura entre corpo e meio, maior o fluxo de troca de calor e mais intensa a sensação. A relação acima será a premissa desse trabalho. Os sistemas de ar condicionado têm como objetivo, nesse contexto, proporcionar condições ambientais para que a troca de calor tenda ao equilíbrio. De maneira que a temperatura do corpo se mantenha na faixa confortável, sem exigir esforços dos mecanismos biológicos de regulação de temperatura. Mecanismo Biológicos de Regulação Diferente de um bloco metálico, o corpo humano não é totalmente passivo à troca de calor. Uma região do nosso cérebro, o hipotálamo, age como um termostato. Este recebe impulsos térmicos de diversos tecidos do organismo e coordena algumas funções capazes de interferir na troca de calor. Quando a temperatura corporal se eleva, rapidamente ocorre a vasodilatação dos capilares subcutâneos, aumentado o fluxo sanguíneo na região e elevando a temperatura da pele. Como consequência o corpo tende a liberar mais calor para o ambiente. Se esse processo não for suficiente o corpo ativa as glândulas sudoríparas causando o suor, que tem a função de expelir água para fora do corpo e, como este líquido é um bom condutor de calor, a sua evaporação causa o resfriamento do organismo. Da mesma maneira, quando nossa temperatura interna cai, os capilares cutâneos são contraídos, evitando a chegada do sangue na superfície da pele, buscando com isso manter o calor próximo aos órgãos internos. Também ocorrem estímulos nervosos para a contração da musculatura, os chamados tremores, que, apesar de muito desagradáveis, auxiliam a gerar calor no corpo. Esse “sistema de automação biológica” é chamado de termorregulação. Além de trocar calor com o ambiente, como citado anteriormente, o corpo humano é uma fonte constante de calor. Esse calor é gerado na digestão, processamento e absorção de nutrientes e a partir da atividade muscular. Essa última fonte é que mais afeta o lado biológico da equação. Ao praticarmos atividades físicas moderadas, nossa taxa de metabolismo basal (e de calor produzido) chega a ser o dobro de quando estamos em repouso. Se geramos mais calor, precisamos dissipar mais calor. E para isso precisamos de temperatura mais baixa e velocidade do ar mais alta do que para situações de repouso. Outro fator importante da equação é o isolamento térmico entre o corpo e o ambiente, as roupas. Este elemento reduz o fluxo de troca de calor entre os agentes. Sua capacidade de isolamento está relacionada a fatores como, área coberta Vs. área exposta, condutividade térmica, densidade e espessura do material. Roupas compridas e pesadas dificultam a troca de calor entre corpo e ambiente. Lado ambiental da equação Segundo a ABRAVA – RENABRAVA NR 03 , “O conforto térmico é uma sensação essencialmente subjetiva. Devido às diferenças de sensibilidade ou de preferência individual, não é possível estabelecer condições ambientais que sejam consideradas satisfatórias por 100% das pessoas.” Dessa maneira, um sistema de ar condicionado tem como objetivo proporcionar conforto térmico para a maioria dos ocupantes. Como apresentado anteriormente, a temperatura ideal para o ambiente é influenciada por fatores como nível de atividade e vestimentas padrão. Por exemplo, em escritórios a temperatura média ideal varia entre 23 e 26ºC, já em locais de onde ocorrem atividades físicas intensas, como academias, a temperatura média deve variar entre 19 e 24ºC. Alcançar essas temperaturas parece uma tarefa simples. Entretanto, manter uma temperatura operativa homogênea no tempo e no espaço pode ser um pouco mais complexo. Para a temperatura ser considerada uniforme, nenhum ponto da sala pode ter temperatura distante mais de 1º C da temperatura média. O primeiro desafio que destaco é a variação de temperatura causada pela incidência solar. Imagine-se em um escritório, no qual em determinada hora do dia as pessoas que se sentam do lado esquerdo da sala começam a reclamar de calor, enquanto as sentadas do lado direito se mantêm confortáveis. Esse é um problema comum e a justificativa pode ser simples, o sol nesse horário incide diretamente sobre a faixada esquerda do prédio. Essa parede esquenta e transmite calor par sua vizinhança, que consequentemente fica com a temperatura mais elevada do que a média da sala. Esse fator é chamado assimetria da radiação. Essa questão deve começar a ser tratada já no projeto de arquitetura, com a seleção de isolamento térmico para telhados e paredes, proteção solar de grandes áreas envidraçadas, seleção de vidros com boa propriedade isolante, ETC. Os projetos de ar condicionado devem considerar essa variação e disponibilizar carga térmica necessária para corrigir esse fenômeno. Outro fator que interfere na homogeneização da temperatura é o balanceamento do sistema. A vazão de ar insuflada deve ser bem distribuída pelo ambiente, considerando as diferenças de carga térmica de cada área e deve-se evitar que o haja insuflamento de ar direto sobre os usuários. Esse último ponto é um grande vilão do conforto térmico. Para ilustrar trarei outro exemplo. Imagine uma sala de aula cheia, onde a maioria dos alunos estão sentindo um leve desconforto por causa do calor. Do nada, um estudante levanta a mão e pede para o professor diminuir o ar condicionado. Todos olham para ele com um olhar de dúvida. Como essa pessoa pode estar com frio? Desprezando as preferências pessoais, muito provavelmente essa pessoa está sendo atingida por uma corrente de ar, que a incomoda por dois fatores. Primeiro, o ar que sai da máquina é mais frio que a média do ambiente e, na situação descrita, o fluxo atinge esse usuário antes de se homogeneizar com a temperatura do média do meio. O segundo fator tem a ver com a velocidade do ar, e é independente da temperatura. Voltando a teoria, o coeficiente de transferência de calor é diretamente proporcional a velocidade do ar. Ou seja, quanto maior a velocidade do ar ao atingir o usuário, mais calor ele perde para o ambiente. Controlar o fluxo de ar, evitando que o ar gelado incida diretamente sobre o usuário, é fundamental para o conforto térmico. Esse fator deve ser considerado na etapa de projeto, com a definição dos pontos, acessórios e vazões de ar adequados. Durante a instalação, o balanceamento se apresenta como uma etapa fundamental para esse quesito. No dia a dia deve receber atenção das equipes operação e manutenção como medições e ajustes periódicos. Na engenharia fazemos sistemas e máquinas para atender as necessidades humanas. Nossos sistemas mecânicos interagem constantemente com os divinos sistemas biológicos. A física demonstra como a engenharia pode interferir sobre a biologia humana. É incrível. Para concluir relembro uma passagem do juramento da engenharia, com o qual nos comprometemos a seguir “jamais podemos nos esquecer que trabalhamos para o bem do homem e não da máquina”. A satisfação das necessidades humanas é o nosso propósito. Eng. Rafael de Melo Felipe A.Salles Engenharia...